OPINIÃO

Instituto Histórico de Passo Fundo – 70 anos!

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Imagino, ainda que não pareça verossímil, que o jornalista Jorge Edeth Cafruni, em 1953, quando, nas páginas de O NACIONAL, começou a gestar a ideia de criação de um Centro de Estudo Histórico Pró-Centenário de Passo Fundo, sabia que estava, localmente, nascendo uma entidade cultural relevante. A cidade vivia a expectativa de comemoração do seu primeiro centenário. Cafruni angariou o apoio de lideranças políticas e empresariais e teve de convencer algumas personalidades de reconhecidos méritos na sociedade local, caso do historiador Francisco Antonino Xavier e Oliveira, em favor dessa causa. Venceu! A semente vingou. E, a 15 de abril 1954, o Centro de Estudo Histórico Pró-Centenário de Passo Fundo, realizava, na sede da Faculdade de Direito, na Avenida Brasil, a sua primeira reunião, cujos membros presentes, acataram, de plano, a transformação de Centro de Estudo Histórico em Instituto Histórico. E assim se deu, com a primeira diretoria sendo constituída, sob a presidência do Dr. Reissoly José dos Santos e tendo Jorge Edeth Cafruni como secretário. Estava criado o Instituto Histórico de Passo Fundo. Uma instituição sem fins lucrativos que congregava os interessados na história local e regional. Entre os seus principais objetivos, estimular, auxiliar e propor medidas para assegurar estudos históricos. Além de coletar documentos e acervos, tornando-os acessíveis à comunidade. Missão, diga-se de passagem, que vem cumprindo com maestria até os dias atuais.

Chegou o ano do primeiro centenário de Passo Fundo, 1957, e o Instituto Histórico, na ocasião, presidido por Jorge Edeth Cafruni, se envolveu ativamente nos festejos. Cabe menção, a inauguração, no dia 7 de agosto, do busto de Joaquim Fagundes dos Reis, no Boqueirão, e do cenotáfio, às margens da Rodovia BR 285, dedicado ao patriarca, cujos restos mortais permanecem ignorados.

Chegados os anos 1960, depois da efervescência das comemorações do primeiro centenário, o Instituto Histórico de Passo Fundo viveu tempos de esmorecimento. Passou por períodos de inatividade e, sob o chamamento de Cafruni, viveu tempos de renascimento. Em maio de 1970, reuniram-se os sócios remanentes, para repensar o futuro da agremiação, que estava, praticamente, inativa desde 1966. É quando entram em cena Pedro Ari Veríssimo da Fonseca, Antônio Carlos Machado, Delma Rosendo Ghem e Alberi Falkembach Ribeiro. O entusiasmo dura alguns anos, mas não tantos quanto se esperava. Em 1975, novos tempos de letargia. Retorna em 1982, mas praticamente sem atuação digna de menção. Até que, em 2007, o ano do sesquicentenário de Passo Fundo, Pedro Ari Veríssimo da Fonseca, escudado por Alberi Falkembach Ribeiro, decidiu reestruturar o Instituto Histórico. Novos membros foram incorporados. Foi assinado um convênio com a Fundação Universidade de Passo Fundo e o acervo colocado sob a guarda do Arquivo Histórico Regional, que digitalizou e disponibilizou os documentos para a pesquisa. Virou entidade de utilidade pública municipal.

Em 2013, tem início a fase contemporânea do Instituto Histórico de Passo Fundo. Assumiu a presidência da agremiação o empresário e historiador Fernando Miranda. Sobrevém as comemorações dos 60 anos (2014), a conquista, pela magnanimidade da família Carlos e Celina Madalosso, da sede própria, inaugurada no dia 15 de abril de 2017, e a sua integração ao Espaço Cultural Roseli Doleski Pretto. Novos projetos (Museu a Céu Aberto, por exemplo), ampliação do acervo, publicações e um novo convênio com a Fundação Universidade de Passo Fundo para albergar estágios de acadêmicos do curso de História e de Jornalismo da UPF. Novos associados e, enfim, novos tempos.

O Instituto Histórico de Passo Fundo, criado a 15 de abril de 1954, realizou, na última terça-feira (15/10/2024), a sessão solene comemorativa aos seus 70 anos de atividade. Na ocasião, o quadro de associados da agremiação, nas categorias efetivos, correspondentes, colaboradores e honorários, foi renovado. Ao mesmo tempo que prestou reverência aos abnegados colaboradores da entidade, agraciando-os com as medalhas Pedro Silveira Avancini, de prospecção de acervos, Delma Rosendo Gehm, de divulgação e preservação histórica, e André Pithan, “Testemunha da História”.

A efeméride dos 70 Anos configura o Instituto Histórico de Passo Fundo, entre os congêneres, provavelmente, como o mais antigo ainda em funcionamento no interior do Rio Grande do Sul. Isso atesta o valor dessa agremiação, pois, insisto, nenhuma instituição que não tenha relevância sobrevive 70 anos.

E se um dia houve Cafrunis, Veríssimos e Fernandos, hoje são tempos de Djiovans. Vida longa para o IHPF!

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