A ARTE E A BUSCA POR STATUS
Uma característica universal da arte é seu caráter não utilitário. Contudo, coisas inúteis, paradoxalmente, podem ser muito úteis para determinado propósito: avaliação da riqueza do possuidor. Adam Smith disse que o maior prazer da riqueza é a sua ostentação. Thorstein Veblen (1857-1929) economista e sociólogo americano, foi um dos primeiros a destacar o consumo como forma de demonstrar status social. Como não podemos facilmente espiar os extratos bancários de nossos vizinhos, um bom modo de avaliar seus recursos é ver se podem dar-se ao luxo de desperdiçá-los em artigos de luxo e lazer. “A lógica é: você não pode ver toda a minha riqueza e capacidade de ganho (minha conta bancária, minhas terras, todos os meus aliados e bajuladores), mas pode ver meus acessórios de banheiro de ouro. Ninguém poderá possuí-los sem ter a riqueza de sobra, portanto você sabe que sou rico.” (Steven Pinker)
PAVONICE - ARTE COMO CONSUMO CONSPÍCUO
Da magnífica cauda do pavão macho deriva o verbo “pavonear”, expressão que significa o ato de exibir-se com ostentação, enfeitar-se vistosamente, exibir-se com vaidade. Embora a maioria dos aficionados horrorize-se com a hipótese, a arte – especialmente a arte de elite – é um exemplo típico de consumo conspícuo, consumo que salta à vista, que atrai a atenção por suas características incomuns. Thorstein Veblen usou essa expressão para definir o consumo de bens ou serviços não por serem úteis ou atrativos, mas porque são raros, dissipadores ou inúteis, coisas que só os ricos podem dar-se ao luxo de tê-los. Roupas delicadas, extravagantes, objetos sem função alguma produzidos por um trabalho prodigioso, decorações luxuosas, um relógio de 50 mil reais etc. Ter a pele pálida em lugares onde os plebeus trabalham no campo e pele bronzeada onde eles trabalham em ambientes fechados.
COISAS BANAIS CONSIDERADAS OBRAS DE ARTE
As exibições conspícuas de consumo, lazer e escândalo são pressionadas pelas pessoas comuns forçando as elites e as celebridades a procurarem novas exibições. Isso explica o porquê de certos comportamentos e consumo extravagantes, os quais pareceriam inexplicáveis pelo sentido estético. Quem primeiro usou calças jeans rasgadas foram membros do mundo das celebridades. A partir do momento que o povão passa a usá-las, as celebridades devem procurar outra forma de exibição conspícua. Terno e gravata com um tênis roto, por exemplo. Assim, o valor da arte é amplamente desvinculado da estética. Latas de sopa e tiras de história em quadrinhos transformam-se em grande arte quando o mundo das artes assim o decreta e a partir daí atingem preços conspicuamente esbanjadores. Muitas obras modernas e pós-modernas se destinam não a dar prazer, mas a confirmar ou refutar as teorias de certos críticos e analistas. Servem para épater la bourgeoisie (chocar a burguesia, o vulgo) ou a impressionar e desnortear os que estão por fora.
MODERNISTAS E PÓS-MODERNISTAS ANSIOSOS POR STATUS
Embora se recusem a reconhecer, muitos artistas, críticos modernistas e pós-modernistas produzem obras na ânsia de conseguir status, especialmente a deles próprios. Não podendo mais conferir prestígio pela raridade ou excelência das obras em si, criam uma arte que só uma elite especial de iniciados poderia entender. O resultado foi um tipo de arte que não apela aos sentidos, à apreciação do belo, mas, ao contrário, desdenha da beleza considerando-a piegas e superficial.
A ARTE COMO FORMA DE INSULTO
Tema da próxima coluna.