OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A contagem já passou dos mil dias de guerra, desde que Putin invadiu a Ucrânia com uma quilométrica coluna de blindados, bem como iniciou uma série de ataques aéreos contra diversas cidades ucranianas. Putin, a partir de seu delírio soviético e expansionista, acreditava que bastariam alguns dias para tomar Kiev. O erro estratégico foi abissal, embalado pela precária logística do exército russo. Assim, após mil dias de guerra, Putin não conseguiu obter nenhuma vitória importante, se não, apenas arrastar o seu exército para uma guerra de atrito, longa e custosa, sem previsão de término. A Ucrânia, por seu turno, demonstrou a sua capacidade de resiliência, ao resistir à invasão, com uma série de avanços no campo de batalha e, ultimamente, vem utilizando mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA, o que tem mudado o cenário da guerra, motivando reações por parte de Putin. Enquanto essa coluna era fechada, já havia o anúncio por parte do exército ucraniano, de um ataque russo com um míssil balístico intercontinental, que teria atingido a cidade de Dnipro.

 Ogivas inertes 

O ataque teria tido como alvo parte de infraestrutura crítica ucraniana, localizada em Dnipro, na região centro-leste do país. O míssil é capaz de carregar múltiplas ogivas, todavia, a partir da análise do vídeo, nota-se que elas, provavelmente, estivessem inertes e não eram nucleares, denotando que o ataque fosse apenas uma demonstração de poder, mediante a utilização de mísseis de longo alcance por Kiev. Putin já havia demonstrado a sua contrariedade pela utilização por parte de Zelensky, das armas de longo alcance provenientes dos EUA. Assim, o ataque russo pode ser entendido como uma linha vermelha, levando a simbólica mensagem de que se agora não havia a presença de ogivas nucleares, no futuro é possível que elas estejam. A grande questão é como se dará a estratégia ucraniana daqui para a frente e até onde Putin está disposto a arriscar, ameaçando uma escalada nuclear, que certamente traria uma nova configuração ao conflito.

 Uma nova dimensão 

O conflito toma uma nova dimensão, pois, o míssil balístico intercontinental é tido como uma das armas mais poderosas no mundo. O artefato faz parte da estratégia de dissuasão militar russa e se trata da primeira vez em que é utilizado no contexto da guerra. Apenas os EUA, a Rússia e a China possuem esse tipo de armamento. Para efeitos de comparação, os mísseis que a Ucrânia recentemente utilizou, advindos dos EUA, têm capacidade de aproximadamente 300 km. Enquanto o míssil utilizado por Putin, cerca de até 5mil Km. Nesse caso, foi lançado de uma região russa cerca de mil km distante de Dnipro, na Ucrânia. Os russos também lançaram um míssil hipersônico

 A decisão 

Isso tudo ocorreu conjuntamente com novos ingredientes na guerra, como a chegada de tropas norte-coreanas no campo de batalha, em auxílio a Putin. Esse foi um dos fatos que motivaram a decisão do presidente americano em permitir o uso de mísseis de longo alcance por parte de Kiev. Putin vai ficar em um compasso de espera para verificar os desdobramentos da posse de Trump. Zelensky, provavelmente, não aumentará a aposta em relação ao ataque russo. As tensões irão aumentar, enquanto a paz está distante. 


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