GOLPE DE ESTADO (Coup d’Etat)
As investigações da Polícia Federal, conforme relatadas pela imprensa e por diversas autoridades, revelaram o planejamento de um golpe de Estado. Esse conceito surgiu em 1639, utilizado por Gabriel Naudé, na obra Considerations politiques sur les coups d'Etat. Seu significado ainda é o mesmo: trata-se da tomada de poder, violando as regras constitucionais, geralmente pela utilização da violência. O golpe que estava sendo planejado no Brasil previa a intervenção militar, o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. O uso da violência estava explícito: planejava-se o assassinato do Presidente da República, do vice-presidente e do ex-presidente do Supremo Tribunal Eleitoral.
COMBATER O COMUNISMO
O pretexto para o golpe seria combater o comunismo e defender a democracia. Não sabemos se os seus planejadores acreditavam, de fato, que havia uma ameaça real do comunismo, mas a grande maioria dos que foram para as ruas, para a frente dos quartéis e que vandalizaram a Praça dos Três Poderes, embora nada soubessem a respeito do comunismo, acreditavam que havia essa ameaça. Essa ameaça não existiu e nem existe, No entanto, conforme Gustave Le Bon (1841-1931), os elementos místicos e afetivos que dominam a alma das multidões condenam-nas a um extremo simplismo. Hipnotizado pela sua fé, nada os pode convencer. Todos os contraditores da sua crença são julgados dignos de morte.” Não é surpresa, portanto, as ameaças, e mesmo tentativas, de matar autoridades, como ministros do STF, do Presidente e do Vice-presidente da República.
AS VIVANDEIRAS FORAM BULIR COM OS GRANADEIROS
A famosa frase utilizada por Karl Marx segundo a qual “a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”, bem poderia ser aplicada aqui. Eventos de 1964 repetiram-se no final do ano de 2023 e início de 2024. Como diria o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, numa tirada maravilhosa, “as vivandeiras alvoroçadas foram aos bivaques bulir com os granadeiros e causar extravagâncias ao poder militar”. Militares graduados e cheios de estrelas, até então respeitados, caíram no canto da sereia, ou melhor, das vivandeiras. Alguns acabaram presos. Outros parece que terão o mesmo destino. Curiosamente, a razão que levou as “vivandeiras” pedir intervenção militar há sessenta anos era a mesma de agora: uma suposta ameaça comunista.
CANTANDO HINO PARA PNEU E PEDINDO INTERVENÇÃO EXTRATERRESTRE
Imagens quase inacreditáveis circularam nos meios de comunicação. Quem quiser ainda pode vê-las numa rápida pesquisa na internet. Nelas se vê gente em volta de um pneu cantando o hino nacional. A mais incrível aconteceu em Porto Alegre: um grupo de manifestantes se manifestava contra o resultado da última eleição presidencial pedindo uma intervenção extraterrestre. Veremos em próximas colunas o que diriam sobre essas cenas extraordinárias o polímata Gustave Le Bon e o médico neurologista, criador da Psicanálise, Sigmund Freud.