OPINIÃO

Felizes

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Uma vida bem-aventura ou feliz, bendita, abençoada é o desejo de todos os seres humanos e acompanha toda a existência. O desejo é comum a todos, porém os caminhos propostos e escolhidos para alcançar a meta são muito variados. A liturgia dominical trata do tema (Jeremias 17,5-8, Salmo 1, 1Coríntios 15,12.16-20 e Lucas 6,17.20-26). Os textos bíblicos, ao mesmo tempo que propõem um caminho de felicidade, também apontam os caminhos que distanciam dela. Bênção, felicidade ou maldição são colocadas no começo do caminho para indicar um destino diverso, mas na realidade elas são o resultado das opções feitas livremente durante a vida.

A proposta bíblica é marcada por um sadio realismo por apontar para a necessidade do empenho pessoal fundamentado na verdade para alcançar a meta da felicidade. Jesus propõe um caminho de bem-aventurança, ou caminho de felicidade, de forma muito realístico que vai contra o senso comum. Da mesma forma o profeta Jeremias fala de opção bendita e maldita. São Paulo aponta que a construção da felicidade do tempo presente está vinculada a esperança da eternidade.

As bem-aventuranças são uma característica dos evangelistas Mateus e Lucas. Além do texto onde estão agrupados, também aparecem em outras oportunidades, sendo que Lucas cita quinze e Mateus treze bem-aventuranças. O seu conteúdo é original. Jesus anuncia uma salvação para o tempo presente e destinada para todas as pessoas. Todos têm acesso à felicidade na medida em que estiverem ligados a ele. Pois é Jesus que introduz os que o seguem no Reino de Deus. “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”. “Bem-aventurados, sereis, quando os homens vos odiarem, vos expulsarem [...] por causa do Filho do Homem! [...] pois será grande a recompensa no céu”.

O caminho de felicidade proposto por Jesus é provocar uma mudança de mentalidade e desenhar um novo projeto de vida. Se as bem-aventuranças são um programa para a meta se faz necessário olhar para Cristo. Ele é a boa nova. Nele se encontra e se identifica a mensagem e o mensageiro, entre o dizer, agir e ser. A sua força, o segredo da eficácia da sua missão, está na total identificação entre o mensageiro e a mensagem. Jesus anuncia a boa nova não somente com o que diz ou faz, mas com o que ele é. 

O conteúdo proposto por Jesus surpreende. Para quem estava começando uma missão e querendo conquistar seguidores, o manifesto programático das bem-aventuranças, aparentemente é um absurdo. Mas se confrontamos com a vida concreta, percebemos que a proposta tem sentido e os anos vão dando razão. 

O profeta Jeremias fala contrapõe “maldito o homem que confia no homem”, com “bendito o homem que confia no Senhor”. O acento está na palavra confia, isto é, onde colocar a própria estabilidade e o fundamento do edifício da própria existência. Usando a imagem da natureza Jeremias coloca que o fundamento somente humano é marcado pela secura, sem floração e sem frutos. A confiança no Senhor garante a renovação contínua e consequentemente frutos.

O apóstolo São Paulo fala da esperança cristã. A meta final de chegada do cristão é a vida eterna, é a passagem da morte para ressurreição e que tem por fundamento a ressurreição de Cristo. Todos os caminhos e promessas humanas de felicidade acabam com a morte, mas o cristão vive neste mundo com razões além da morte, porque “pusemos a nossa esperança em Cristo” e a “esperança não decepciona” (Rm 5,5).


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