OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Um dos cenários geopolíticos que antecipamos aqui nesta coluna, foi a provável guerra tarifária com a ascensão de Trump na Casa Branca. Desde então, o cenário já se tornou realidade, inclusive para o Brasil. O recente anúncio de Trump coloca na mira das tarifas de importação países como o Canadá, México, China, Brasil, Índia e também a União Europeia. O protecionismo não é uma “arma” recente e, muito menos, estaria Trump a inaugurá-la. Um recente relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC), revela que entre o período de outubro de 2023 a outubro de 2024, os países do G20 incrementaram o seu protecionismo em cerca de 237%. Uma das formas mais precisas de se mensurar o grau de protecionismo dos países, é pela alíquota média de importação. Nesse quesito, por exemplo, o Brasil é um dos países mais protecionistas do mundo, com uma alíquota média de aproximadamente 12%. Enquanto isso, os EUA figuram com cerca de 3%, Chile 5%, Peru 2% e a Europa com 3%. Os dados falam por si. Afinal, Trump não estaria buscando a reciprocidade, uma vez que os países mencionados por ele são todos mais protecionistas que os EUA? Em uma análise fria, Trump estaria apenas aplicando uma reciprocidade tardia.

 

Brasil e RS 

Os EUA são importantes parceiros comerciais, tanto do Brasil, como do Rio Grande do Sul. Do total das exportações brasileiras, 12% destina-se aos EUA enquanto as importações giram em torno de 15%, ou seja, uma balança deficitária, compramos mais do que vendemos aos americanos. Quanto ao Rio Grande do Sul, do total das exportações, 8,4% destinam-se ao mercado americano, enquanto as importações representam cerca de 11%, também com um déficit na balança.

 

Produtos 

Dos principais produtos (commodities) que o Brasil exporta aos EUA e que eventualmente poderiam sofrer taxações, estão: 1) os semimanufaturados de ferro e aço, 2) café, 3) óleos, 4) celulose, 5) carnes e 6) sucos. Trump chegou a se manifestar sobre os primeiros (ferro/aço), a sofrerem taxação a partir do dia 02 de abril de 2025.

 

Municípios do RS 

Interessante trazermos os principais municípios do RS que mantêm relações comerciais com os EUA, tanto nas exportações, como nas importações. Os municípios gaúchos que mais exportam para os EUA são: 1) Guaíba (químicos), 2) Santa Cruz do Sul (tabacos), 3) São Leopoldo (armas), 4) Venâncio Aires (tabaco) e 5) Canoas (transformadores). Entre os que mais importam: 1) Triunfo (óleos), 2) Osório (óleos em bruto), 3) Rio Grande (adubos e fertilizantes), 4) Montenegro (partes e acessórios de veículos) e 5) Gravataí (instrumentos e aparelhos). Ainda seria cedo para sabermos o real impacto que a eventual taxação trará para os produtos brasileiros que entram no mercado americano, todavia é importante que os prefeitos tomem ciência sobre a dinâmica comercial em que a sua cidade está inserida, uma vez que uma eventual taxação na entrada de produtos naquele mercado possa representar a desaceleração econômica da cidade, com a redução das exportações. A balança comercial não é um indicador exclusivo do Brasil ou dos seus Estados, se não, uma ferramenta que pode demonstrar uma importante faceta econômica do município.


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