Bruno Todero e Raquel Vieira/ON
Uma denúncia de tentativa de violência sexual, contra uma menina de oito anos foi denunciada à polícia pela mãe da vítima. Os supostos agressores são dois garotos, de 13 e 14 anos. Os três envolvidos, vítima e acusados, são alunos de turmas especiais do Colégio Estadual Fagundes dos Reis, o único em Passo Fundo com estrutura para atender estudantes mudos e deficientes auditivos. O caso teria ocorrido no horário do intervalo, ainda na tarde de terça-feira. A mãe da vítima registrou boletim de ocorrência naquele mesmo dia, mas o fato só veio à tona ontem.
De acordo com o relato da mulher, eram 17h quando a direção telefonou para o seu celular, pedindo para que fosse até a escola. A mãe chegou no colégio e encontrou a criança com marcas pelo corpo. Foi quando ficou sabendo que a mesma havia sido arrastada pelos dois meninos até o banheiro, tendo sido machucada e molestada pelos garotos. O abuso foi interrompido quando a menina, que tem dificuldades para se comunicar, começou a gritar, sendo socorrida por outras colegas, que acionaram a direção. Naquele momento, os agressores já haviam tirado a blusa e aberto a calça da criança. Ainda ontem, a pedido da polícia, a menina foi levada ao médico para exame de conjunção carnal, que confirmou que a genitália estava machucada, mas que o ato sexual não havia sido consumado.
A investigação do caso foi assumida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, que já instaurou um inquérito e trata a ocorrência com prioridade máxima. Segundo o delegado titular, Mário Pezzi, a direção da escola, pais e outros envolvidos estão sendo chamados para prestar depoimento na delegacia. Toda a equipe de investigação foi mobilizada para apurar as circunstâncias do atentado.
A diretora da escola, Jucênia Albrecht, disse que a primeira providência foi chamar os pais dos envolvidos. "Era o que cabia a escola no momento, acionamos os pais e eles estão tomando as providências", disse. A professora informou que o caso foi registrado em ata e comunicado a 7ª Coordenadoria de Educação. Ela disse ainda que casos como este não são tão raros. "Podem acontecer em várias escolas. Essa questão sexual é inevitável entre as crianças. O que não é comum é os pais denunciarem. Por isso acho que a mãe dessa menina foi muito corajosa ao denunciar, e isso deve servir como alerta para outros pais", afirmou.
A promotora de Justiça Ana Cristina Ferrareze Cirne, da Promotoria Especializada na Infância e Juventude, disse que não havia tomado conhecimento do caso, mas que hoje mesmo buscaria informações sobre os procedimentos disciplinares adotados pela escola e pela coordenadoria de ensino, e se houve negligência de alguma das partes.
"Para lá minha filha não volta mais"
No início da noite de ontem, ON conversou com a mãe da vítima na casa onde moram.
O Nacional - Como ficou sabendo do fato?
Mãe - Ligaram da escola dizendo que havia acontecido um caso muito grave com minha filha. Dois colegas pegaram ela e puxaram para dentro do banheiro. Fizeram exame hoje e comprovaram que não chegaram a consumar. Não deu tempo, mas foi por detalhes, porque outras crianças ouviram ela gritando no banheiro e tiraram ela. Aí chamaram a diretoria. Mas aí já tinham tirado a blusa dela e ela já estava no chão. Ela ficou com marca na barriga, porque eles ergueram a blusa e tentaram morder a barriga dela.
ON - O que você fez quando ficou sabendo?
Mãe - Na hora tirei minha filha da escola. Lá me disseram que não tem como expulsar dois guris, porque não tem outra escola de deficientes. Mas será que a escola não pensa que a minha filha tem o mesmo problema que eles e agora não vai mais ter onde estudar? Fui hoje (ontem) na CRE e disseram que vão reunir com a direção do colégio para trocar o horário da turma dela, passar para manhã. Mas eu vou tirar ela de lá. Não sei o que vou fazer ainda. Ou ela vai ficar em casa ou vou colocar na creche o dia inteiro, onde tem gente que cuida. Mas para lá ela não volta nunca mais. Ela mesmo não quer mais ir. Hoje falamos da escola e ela chorou desesperada.
ON - Como teve coragem de divulgar o caso?
Mãe - Na hora não pensei duas vezes. Não podia ficar desse jeito.