Imprudência ou negligência?

Número de acidentes com caminhões tem chamado a atenção nas últimas semanas. Motoristas reclamam da falta de sinalização e de pintura. Essa situação já gerou duas notificações do Daer à empresa responsável pelas obras

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Eder Calegari/ON

Por dia, mais de 7 mil veículos utilizam a ERS-324 no trecho entre Passo Fundo e Marau, conhecido pelo alto índice de acidentes e também de curvas. O que pode estar contribuindo para o número de acidentes, segundo os motoristas, é a falta de sinalização, já que muitas placas foram retiradas em função do alargamento das pistas, e a pintura da pista que praticamente não existe.

Responsáveis por transportar boa parte da safra, alguns motoristas reclamam que estão sendo pegos de surpresa na estrada. A camada de asfalto está sendo removida para dar lugar ao novo material. Além de um som diferente dos pneus ocasionado pelo atrito com o asfalto agora poroso e irregular, o condutor precisa ter maior atenção ao dirigir na rodovia. "Claro que a experiência ajuda, mas, por vezes, fica difícil saber se você está na pista correta, em uma terceira faixa ou até mesmo invadindo a contramão" explicou um caminhoneiro.

A polícia rodoviária acredita que é a imprudência o fator que mais gera acidentes. Nos últimos dias, colisões envolvendo caminhões e veículos que aguardavam a liberação nos trechos em recuperação também foram registrados. "Realizamos um estudo e chegamos à conclusão que, do total de acidentes deste ano, 95% foram gerados por falha humana. Apenas 5% decorreram de problemas mecânicos ou causa indireta", destacou o major Jair Euclésio Ely, comandante do 1ª Batalhão Rodoviário da Brigada Militar que, além de Passo Fundo, responde por mais 4 mil quilômetros de estradas em 227 municípios gaúchos.

De acordo com a polícia rodoviária, é sabido que a sinalização da rodovia está prejudicada em função das obras, mas não seria esse o principal motivo gerador dos acidentes. "Se o motorista não conhece a estrada ou sabe que ela é perigosa, ele não poderia exceder o limite de velocidade e nem ultrapassar em locais não permitidos, esse seria o comportamento adequado na via?", afirmou o comandante.

Esforço concentrado
Por causa das obras na ERS-324, o efetivo da polícia foi aumentado no trecho em manutenção. Diariamente patrulheiros percorrem a estrada e fazem fiscalização com radares móveis. Ontem à tarde, por exemplo, em menos de uma hora, o equipamento registrou a passagem de 300 veículos, sendo que 17 deles foram autuados por trafegar em velocidade acima da permitida.

Os números da imprudência

De acordo com a polícia rodoviária, do início do ano até o dia 5 de maio foram registrados 78 acidentes no trecho entre Passo Fundo e Marau. No mesmo período, 41 pessoas ficaram feridas e cinco morreram no local. Em se tratando de veículos envolvidos em colisões, o número passa de 160. Já as multas foram quase 1.500, mais da metade das infrações, 758, foram por ultrapassagens não permitidas. O segundo lugar no ranking é ocupado pelo excesso de velocidade com quase 300 autuações, seguido do não uso do cinto de segurança - 128 casos.

Outro dado importante é o número de veículos circulando no Estado. Em 1999 eram 2,9 milhões, dez anos depois a quantidade passou para 4,4 milhões.

O que diz o Daer sobre a sinalização

No último mês, a empresa responsável pelas obras na ERS-324 já foi notificada duas vezes devido à precariedade da sinalização nos trechos em manutenção. Conforme o engenheiro coordenador do Daer em Passo Fundo, Fabiano de Oliveira Pereira, a empresa comunicou ontem que a confecção de novas placas já foi providenciada e a instalação deve ocorrer nos próximos dias. "A empreiteira deve atender às normas do Daer e do Código de Trânsito Brasileiro, do contrário pode até ser penalizada pelas consequências", afirmou o engenheiro.

Até o final do ano, os motoristas vão precisar ter atenção ao trafegar na rodovia, já que esse é o prazo final para conclusão total dos trabalhos na ERS-324.

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