Em um julgamento que iniciou às 9h e terminou por volta das 16h, desta quarta-feira, Adriano da Silva foi condenado por homicídio duplamente qualificado e atentado violento ao pudor a mais 37 anos de prisão, em regime inicialmente fechado. O caso julgado foi o do menino Jeferson Borges Silveira. Poucas pessoas acompanharam a sessão do júri no dia de ontem, diferente do que ocorrera nos primeiros casos em que o réu esteve em Passo Fundo, quando o salão do Fórum praticamente lotava.
Com uma aparência saudável e um pouco mais magro do que das outras vezes, Adriano permaneceu a maior parte do tempo com a cabeça baixa enquanto defesa e acusação proferiam seus argumentos. O júri foi presidido pelo juiz de direito Ricardo Arteche Hamilton. A acusação foi conduzida pelo promotor público Diego Mendes de Lima e a defesa de Adriano, realizada pelo advogado Inácio Diehl Borges Guerreiro.
Esta é a segunda vez no ano, em que Adriano esteve em Passo Fundo. Em junho, ele havia prestado depoimento pela morte de Volvei Siqueira dos Santos, 12 anos, assassinado em 2003. Por este homicídio, o réu já havia sido condenado em 2007, mas o julgamento acabou sendo cancelado depois que a Justiça acatou um pedido dos advogados do acusado, que alegavam cerceamento de defesa. Na época, um laudo da perícia apontou a presença de sêmen nas roupas da vítima. Apesar disso, ele negou que tenha matado o menino.
Relembre o caso
Jeferson Borges Silveira, 10 anos, foi encontrado morto no dia 05 de setembro de 2003. Ele havia sido visto pela última vez, dois dias antes, nas proximidades da rodoviária de Passo Fundo. Segundo apontou na época uma testemunha, Jeferson estaria em companhia de outros três indivíduos. O garoto havia saído de sua residência na vila São Luiz Gonzaga na manhã do dia 01/09 e não retornou mais. Na rua, trabalhava como engraxate e pedia esmolas como forma de ajudar no sustento de outros dez irmãos. Os pais não estranharam a ausência do filho, acostumado a dormir na casa de parentes ou amigos. Depois de uma ligação anônima, a polícia encontrou o garoto em um matagal no bairro Lucas Araújo, a 400 metros da ERS-324. Jeferson foi morto por estrangulamento com fio cortante. O corpo estava desnudo da cintura para baixo e apresentava sinais de violência sexual.
Outras acusações
O paranaense Adriano da Silva é apontado como autor de 12 homicídios ocorridos na região norte do Estado. Quando foi preso ele chegou a confessar o assassinato de todos, porém, acabou sendo denunciado pela morte de oito deles. Os crimes foram praticados em Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Sananduva e Soledade. Adriano já tinha sido condenado por latrocínio, roubo seguido de morte, formação de quadrilha e ocultação de cadáver, no Paraná de onde fugiu da cadeia onde cumpria pena de 27 anos. Ele já foi julgado pela morte de sete meninos, sendo que, se somadas todas às penas, ultrapassam os 200 anos de prisão, porém, no Brasil, uma pessoa não pode ficar mais do que 30 anos recolhida ao presídio, a não ser que cometa mais um crime durante a fase de cumprimento. Adriano está preso na Pasc, (Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas), para onde retornou ao final do júri.
* A reportagem completa na edição impressa de ON, de quinta-feira, 07.