Aeronave histórica é destruída em incêndio

Aeroclube: fogo consumiu o hangar e outras três aeronaves na noite de quinta-feira. Perícia deve apontar as causas do fogo

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Eder Calegari/ON


Quatro aeronaves totalmente destruídas pelo fogo. Este foi o saldo negativo de um incêndio que consumiu um dos hangares do Aeroclube de Passo Fundo, no distrito de Pulador, durante a noite de quinta-feira, (11). O fogo destruiu dois planadores, um motoplanador e um chimango. Estima-se em mais de R$ 200 mil o prejuízo. Segundo relatou o vigia do local, o incêndio começou por volta das 23h30. Ele contou que ouviu o cão latir e quando saiu para fora avistou o pavilhão de aproximadamente 80m², já em chamas. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o local ficou completamente destruído. Temendo que o fogo atingisse os demais hangares, o vigia retirou algumas aeronaves para fora, deixando-as sobre a pista de grama.

Durante a manhã seguinte era possível ver a fumaça saindo dos destroços. A área foi isolada até a chegada dos peritos do Instituto Geral de Perícias de Porto Alegre, que nas próximas semanas devem emitir um laudo apontando as causas em que o incêndio começou. Há suspeitas de que o fogo possa ter sido provocado, já que a instalação elétrica do local, por ser antiga, estava desligada. As aeronaves possuíam seguro obrigatório, mas não cobrem todo o valor do dano. O Aeroclube de Passo Fundo possui três hangares com aeronaves, sendo que algumas são particulares e outras de propriedade do aeroclube, as quais são utilizadas para o treinamento e formação de pilotos. O hangar incendiado era o mais antigo deles, tinha quase 60 anos e praticamente toda a estrutura em madeira.

O fim de uma história 

“Pilotar este maravilhoso monomotor totalmente restaurado é reencontrar a paixão de voar”, foi com esta frase que a revista Aero Magazine iniciou o texto em uma reportagem que mostrava a beleza e o romantismo da aeronave Auster J-2. Especializada no gênero da aviação, a edição de número 86 da revista publicou não somente as fotos do avião, mas também o entusiasmo com que a família Corrêa de Passo Fundo, tratava a aeronave. Com um exemplar da revista nas mãos, o dentista Ademir Corrêa e a nora dele, a professora Ediane Claudia Prigol, relembravam com saudosismo a aeronave destruída no incêndio.

O avião histórico Auster, de produção inglesa, tinha mais de 50 anos de idade e havia apenas sete deles no mundo, já que o mesmo foi de fabricação limitada. “Havíamos restaurado ele com as cópias das plantas originais usadas na fabricação em 1947” destacou Corrêa, que ainda explicou que a aeronave pertenceu à família de Getúlio Vargas. Questionada sobre o valor, Ediane enfatizou que o preço do equipamento era alto devido ao fator histórico. “Dois peritos oficiais haviam avaliado o Auster em cerca de R$ 450 mil. Estávamos pensando em vendê-lo, tínhamos três colecionadores interessados, um deles era de São Paulo”, disse. 

Mais do que a perda física do avião, a família lamenta que um pedaço da história da aviação mundial, que surgiu na Segunda Guerra, agora se perdera por um sinistro.

*Esta é a versão da matéria impressa de hoje em ON.

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