timas dos trilhos
Ferrovia: em dois dias, duas mortes foram registradas na beira-trilho em Passo Fundo no bairro Valinhos. Próximo dali, há um mês, homem de 44 anos também perdeu a vida vítima de atropelamento
Eder Calegari/ON
Os três atropelamentos com mortes ocorridos, neste ano, nos trilhos do trem em Passo Fundo chamam a atenção das autoridades. Os acidentes ocorreram todos no segundo semestre do ano, sendo que dois deles neste final de semana, em menos de 48 horas. Há quatro anos este tipo de acidente não era registrado, dentro do perímetro urbano. Os trilhos que cortam a cidade já serviram de cenário para homicídios, especialmente na grande Vera Cruz. Crimes que foram motivados, na maioria das vezes, pelo envolvimento com tráfico de drogas, segundo aponta a polícia. No entanto, os acidentes que vitimaram três homens neste ano começam a preocupam e chamam a atenção para o perigo que correm as famílias que moram irregularmente à beira-trilho.
O corpo de Juliano dos Santos da Silva de 27 anos, foi encontrado por moradores do bairro Valinhos, na manhã de ontem. Na madrugada, moradores que vivem próximos do local relataram a equipe Volante da Polícia Civil, que ouviram gemidos de dor, tão logo o trem passou. Quando localizada, a vítima apresentava diversos ferimentos pelo corpo característicos de atropelamento o que reforça a suspeita da polícia de que ele tenha sido atingido pela composição férrea. Próximo do cadáver, uma garrafa de whisky pela metade, foi apreendida e remetida para perícia. Vai ser investigado se ele estava sob efeito de álcool. De acordo com a polícia, o jovem era solteiro e alcoólatra. Seguidamente era visto caminhando na redondeza sob efeito de bebidas, relatou um morador.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Trânsito de Passo Fundo. Segundo a delegada Rafaela Weiler, ainda são aguardados os laudos das perícias para elucidar o caso. “Além dos exames, uma testemunha vai ser ouvida, mas os indícios levam a crer que se trata de um atropelamento” destacou a delegada. A outra hipótese é que o jovem possa ter sido vítima de homicídio. O maquinista do trem também vai ser chamado para prestar depoimento e pode responder por homicídio doloso,(quando não há intenção de matar), caso seja comprovado imprudência, imperícia ou negligência.
Casos semelhantes
No sábado, (06), Pedro Moraes da Silva, 86 anos, também foi atropelado por um trem que arrastou o idoso no bairro Valinhos, distante cerca de 50 metros de onde ocorreu o acidente de ontem. Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e foi levado ao Hospital da Cidade, mas morreu em seguida. A Delegacia de Trânsito também investiga a morte que não teve testemunhas presenciais. Em outra situação, cuja investigação ainda não foi concluída pela polícia, Odilon Lara Soares, de 44 anos foi encontrado morto na manhã do dia 7 de novembro. A vítima possuía histórico de vício em álcool. Parte do corpo estava sobre os trilhos do trem, próximo dos fundos do condomínio PAR Vera Cruz. Conforme a perícia, a vítima apresentava lesões na cabeça e escoriações pelo corpo. O caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia de Polícia. De acordo com o delegado Cláudio Belcamino, o laudo remetido pelo IGP (instituto Geral de Perícias), não foi conclusivo. A necropsia apontou a causa da morte como hemorragia interna provocada por pancada no tórax. “Ainda vamos ouvir testemunhas e familiares para saber se de fato trata-se de atropelamento” concluiu Belcamino.
O que diz a ALL
A ALL (America Latina Logística), responsável pela atividade férrea, encaminhou nota referente aos dois últimos casos registrados no bairro Valinhos. A empresa informa que está aguardando as investigações policiais.
Atenta para evitar esse tipo de ocorrências, recomenda aos moradores da cidade que tenham consciência e não atravessem os trilhos fora de passagens oficiais devidamente sinalizadas. Além disso, a empresa reforça a preocupação com a circulação de pedestres junto à ferrovia, informando que é proibido se posicionar sobre os trilhos, bem como circular na área operacional. A ALL frisa que é proibido cruzar vagões que aparentemente estejam parados e utilizar o veiculo ferroviário para qualquer fim, como carona em vagões ou locomotivas, atividades com sério risco de morte. A segurança nas operações é um dos principais cuidados, a empresa desenvolve campanhas educativas de segurança junto a motoristas e pedestres em cruzamentos com linha férrea, distribuindo panfletos que alertam sobre as necessidades ao cruzar a linha do trem. O programa é permanente e abrange os principais cruzamentos dos municípios onde a empresa atua no Rio Grande do Sul e em outros cinco Estados.
Sobre a via férrea em Passo Fundo
A área de concessão da via férrea se estende a 15 metros da linha. Dentro desse limite, é proibido qualquer tipo de construção sem a autorização da ALL ou do Governo Federal. Em Passo Fundo, estima-se que cerca de 1.300 famílias estão em terrenos dentro da faixa de domínio da via ferroviária abrangendo uma área de 10 km, todas em situação irregular. Inclusive em alguns trechos da via, a proximidade com os trilhos chega a 1,5 m, o que dificulta a manutenção no local.
Cerca de 60% das moradias construídas em situação irregular dentro da faixa de domínio da via férrea já existiam na época em que as ferrovias eram controladas pela RFFSA. Como detentora da responsabilidade jurídica sobre a faixa de domínio da via férrea, a ALL entra com uma ação judicial para a remoção das construções irregulares pelos órgãos competentes, pois as equipes de segurança não têm poder de polícia.
Existem sete Passagens de Nível (PN), no município, sendo que a mais movimentada é no cruzamento com a Rua Fagundes dos Reis, no Bairro Victor Isller. No local, um viaduto está sendo construído, devendo desafogar o fluxo e facilitar a circulação. De acordo com o contrato de concessão ferroviária firmado junto ao Governo Federal, tanto a sinalização quanto a construção de obras de infraestrutura (trincheiras, viadutos ou passarelas), são de responsabilidade da administração pública municipal, podendo ser executadas com verba do Governo Federal.
Ferrovia: em dois dias, duas mortes foram registradas na beira trilho em Passo Fundo no bairro Valinhos. Próximo dali, há um mês, homem de 44 anos também perdeu a vida vítima de atropelamento
Eder Calegari/ON
Os três atropelamentos com mortes ocorridos, neste ano, nos trilhos do trem em Passo Fundo chamam a atenção das autoridades. Os acidentes ocorreram todos no segundo semestre do ano, sendo que dois deles neste final de semana, em menos de 48 horas. Há quatro anos este tipo de acidente não era registrado, dentro do perímetro urbano. Os trilhos que cortam a cidade já serviram de cenário para homicídios, especialmente na grande Vera Cruz. Crimes que foram motivados, na maioria das vezes, pelo envolvimento com tráfico de drogas, segundo aponta a polícia. No entanto, os acidentes que vitimaram três homens neste ano começam a preocupam e chamam a atenção para o perigo que correm as famílias que moram irregularmente à beira-trilho.
O corpo de Juliano dos Santos da Silva de 27 anos, foi encontrado por moradores do bairro Valinhos, na manhã de ontem. Na madrugada, moradores que vivem próximos do local relataram a equipe Volante da Polícia Civil, que ouviram gemidos de dor, tão logo o trem passou. Quando localizada, a vítima apresentava diversos ferimentos pelo corpo característicos de atropelamento o que reforça a suspeita da polícia de que ele tenha sido atingido pela composição férrea. Próximo do cadáver, uma garrafa de whisky pela metade, foi apreendida e remetida para perícia. Vai ser investigado se ele estava sob efeito de álcool. De acordo com a polícia, o jovem era solteiro e alcoólatra. Seguidamente era visto caminhando na redondeza sob efeito de bebidas, relatou um morador.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Trânsito de Passo Fundo. Segundo a delegada Rafaela Weiler, ainda são aguardados os laudos das perícias para elucidar o caso. “Além dos exames, uma testemunha vai ser ouvida, mas os indícios levam a crer que se trata de um atropelamento” destacou a delegada. A outra hipótese é que o jovem possa ter sido vítima de homicídio. O maquinista do trem também vai ser chamado para prestar depoimento e pode responder por homicídio culposo, (quando não há intenção de matar), caso seja comprovado imprudência, imperícia ou negligência.
Casos semelhantes
No sábado, (06), Pedro Moraes da Silva, 86 anos, também foi atropelado por um trem que arrastou o idoso no bairro Valinhos, distante cerca de 50 metros de onde ocorreu o acidente de ontem. Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e foi levado ao Hospital da Cidade, mas morreu em seguida. A Delegacia de Trânsito também investiga a morte que não teve testemunhas presenciais. Em outra situação, cuja investigação ainda não foi concluída pela polícia, Odilon Lara Soares, de 44 anos foi encontrado morto na manhã do dia 7 de novembro. A vítima possuía histórico de vício em álcool. Parte do corpo estava sobre os trilhos do trem, próximo dos fundos do condomínio PAR Vera Cruz. Conforme a perícia, a vítima apresentava lesões na cabeça e escoriações pelo corpo. O caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia de Polícia. De acordo com o delegado Cláudio Belcamino, o laudo remetido pelo IGP (instituto Geral de Perícias), não foi conclusivo. A necropsia apontou a causa da morte como hemorragia interna provocada por pancada no tórax. “Ainda vamos ouvir testemunhas e familiares para saber se de fato trata-se de atropelamento” concluiu Belcamino.
O que diz a ALL
A ALL (America Latina Logística), responsável pela atividade férrea, encaminhou nota referente aos dois últimos casos registrados no bairro Valinhos. A empresa informa que está aguardando as investigações policiais.Atenta para evitar esse tipo de ocorrências, recomenda aos moradores da cidade que tenham consciência e não atravessem os trilhos fora de passagens oficiais devidamente sinalizadas. Além disso, a empresa reforça a preocupação com a circulação de pedestres junto à ferrovia, informando que é proibido se posicionar sobre os trilhos, bem como circular na área operacional. A ALL frisa que é proibido cruzar vagões que aparentemente estejam parados e utilizar o veiculo ferroviário para qualquer fim, como carona em vagões ou locomotivas, atividades com sério risco de morte. A segurança nas operações é um dos principais cuidados, a empresa desenvolve campanhas educativas de segurança junto a motoristas e pedestres em cruzamentos com linha férrea, distribuindo panfletos que alertam sobre as necessidades ao cruzar a linha do trem. O programa é permanente e abrange os principais cruzamentos dos municípios onde a empresa atua no Rio Grande do Sul e em outros cinco Estados.
Sobre a via férrea em Passo Fundo
A área de concessão da via férrea se estende a 15 metros da linha. Dentro desse limite, é proibido qualquer tipo de construção sem a autorização da ALL ou do Governo Federal. Em Passo Fundo, estima-se que cerca de 1.300 famílias estão em terrenos dentro da faixa de domínio da via ferroviária abrangendo uma área de 10 km, todas em situação irregular. Inclusive em alguns trechos da via, a proximidade com os trilhos chega a 1,5 m, o que dificulta a manutenção no local.Cerca de 60% das moradias construídas em situação irregular dentro da faixa de domínio da via férrea já existiam na época em que as ferrovias eram controladas pela RFFSA. Como detentora da responsabilidade jurídica sobre a faixa de domínio da via férrea, a ALL entra com uma ação judicial para a remoção das construções irregulares pelos órgãos competentes, pois as equipes de segurança não têm poder de polícia. Existem sete Passagens de Nível (PN), no município, sendo que a mais movimentada é no cruzamento com a Rua Fagundes dos Reis, no Bairro Victor Isller. No local, um viaduto está sendo construído, devendo desafogar o fluxo e facilitar a circulação. De acordo com o contrato de concessão ferroviária firmado junto ao Governo Federal, tanto a sinalização quanto a construção de obras de infraestrutura (trincheiras, viadutos ou passarelas), são de responsabilidade da administração pública municipal, podendo ser executadas com verba do Governo Federal.