Da geologia para a Polícia

Confirmado no cargo de Delegado Regional, Paulo Videla Ruschel, conta como optou pela carreira policial e quais foram os momentos mais marcantes da carreira.

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Gerson Urguim/ON

Desde 1995 em Passo Fundo, o delegado regional da Polícia Civil, Paulo Videla Ruschel passou pela 3ª Delegacia de Polícia (hoje 2ª), e pela 1ª DP antes de assumir a 6ª Região Policial, em 2004 provisoriamente. Em 2005 foi efetivado no cargo. Esta semana, foi confirmado como Regional e recebeu um elogio público do chefe de polícia, que esteve em Passo Fundo. Natural de Porto Alegre, o ex-estudante de geologia conta um pouco da sua trajetória na Polícia Civil e também relata os casos que mais marcaram sua carreira de quase 30 anos como policial.  

ON – O senhor seguirá no comando da 6ª Região Policial. A partir de agora, muda alguma coisa na forma de trabalhar?
Paulo Ruschel –
Daremos continuidade ao trabalho. A mudança que pode eventualmente ocorrer é intensificarmos o combate aos homicídios e ao tráfico de drogas. O próprio chefe de polícia (delegado Ranolfo Vieira Júnior) declarou publicamente que existe a intenção de se implantar delegacias especializadas em homicídios no interior do Estado e Passo Fundo pode vir a receber uma destas delegacias. Hoje em dia, a Chefia de Polícia procura investir na investigação criminal e isto passa por eventual reciclagem ou cursos de preparação dos agentes em áreas específicas de investigação.

ON – Como o senhor ingressou na Polícia Civil?
Ruschel –
Ingressei na Polícia Civil em 1983. Prestei o concurso para escrivão no início de 1982. Comecei como escrivão na delegacia de São Jerônimo, depois fui transferido para Porto Alegre onde trabalhei na Divisão de Assessoramento Especial do Departamento de Polícia do interior. Isto até 1992, quando prestei o concurso para delegado de polícia. Assumi como delegado em Tapejara e em 1995 fui transferido para Passo Fundo.

ON – E por que ser policial civil?
Ruschel –
Eu comecei muito jovem na Polícia Civil. Tinha 22 anos e não tinha nenhum parente ou conhecido que trabalhasse na Polícia. Naquela época eu queria um trabalho que me desse estabilidade e retorno pessoal e profissional. A carreira de policial tem muitos degraus a serem galgados e a partir do momento em que comecei, passei a gostar cada vez mais do trabalho. Gostei tanto que acabei desistindo da faculdade de geologia que estava cursando. Depois me formei em Direito e prestei concurso para delegado.

ON – A impressão que os delegados de polícia passavam à população era de pessoas inacessíveis, por vezes até rudes. Hoje este perfil parece estar mudando. Por que?
Ruschel –
Na verdade a polícia vem mudando muito, desde quando entrei, evoluiu bastante. Hoje a seleção é muito mais criteriosa, tanto para agente de polícia quanto para delegado. Isso tem trazido para os quadros da Polícia Civil pessoas melhor preparadas, mais instruídas e educadas. O policial civil tem, muitas vezes, que agir com firmeza. Mas não podemos confundir firmeza com truculência, rispidez ou falta de educação. O agente, no momento do seu trabalho está também representando o Estado, sempre tentamos deixar isso bem claro aos nossos agentes.

ON - Em que situação o policial se sente recompensado pelo trabalho?
Ruschel -
Um exemplo disto é a Operação Atacado que prendeu 18 pessoas por tráfico de drogas e com provas robustas das práticas deste crime. Outra situação muito gratificante é quando nós conseguimos, em crimes contra o patrimônio, por exemplo, como furto e roubo, recuperar os objetos roubados, que muitas vezes têm valor inestimável, não somente patrimonial, mas também sentimental. Quando vemos uma vítima que consegue ter os seus bens recuperados, e conseguimos elucidar o caso e ver que o autor será processado criminalmente, é extremamente gratificante. É uma função que eu aconselho a quem se sentir em condições de exercer. Mas tem que ter um pouco de vocação.

ON – Existe algum caso que o senhor não esquece?
Ruschel –
Existem dois casos em que eu atuei que jamais serão esquecidos. O primeiro que marcou muito foi caso Maldaner (a arquiteta Neusa Maldaner e sua secretária Rosane Saccomori foram assassinadas no escritório em que trabalhavam, em uma galeria no Centro de Passo Fundo, em 1999), e outro o caso Adriano da Silva (assassino em série que matou 12 meninos em Passo Fundo e região) pela forma bárbara como aconteceram. Foram casos que exigiram muito da Polícia Civil e em ambos os casos, os autores foram
identificados e presos.

ON – O senhor aconselharia alguém a ser policial civil?
Ruschel –
Sem dúvida. É uma função bastante gratificante porque nós não trabalhamos somente longe do cenário. A investigação criminal exige que os agentes saiam a campo, e isto traz muitas vezes uma evidência muito grande, principalmente quando há sucesso na investigação. Uma investigação que tem sucesso é uma investigação que consegue apurar de maneira concreta como o crime aconteceu em todos os detalhes, e quem o cometeu. No momento em que o inquérito policial aponta os autores e diz como foi realizado. E quando atingimos este objetivo o trabalho é reconhecido tanto pela imprensa quanto pela comunidade.

Gostou? Compartilhe