?EURoeNão podemos ficar parados, temos que ser ativos?EUR?

Afirmação é de Eduardo Peliciolli que assumiu a direção do Case na terça-feira (29)

Por
· 7 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

O Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) tem novo diretor desde o começo da semana. Eduardo Peliciolli, de 24 anos, é o novo responsável pela instituição que abriga 55 adolescentes em conflito com a lei. No local trabalham 65 servidores, além do serviço terceirizado de portaria.
Nesta entrevista, o diretor conta um pouco de sua trajetória dentro da política e os projetos para administrar o Case, mantendo a unidade de Passo Fundo como a melhor do estado do Rio Grande do Sul. Peliciolli é formado em Gestão Pública e atualmente cursa o 6° semestre da faculdade de Direito.
O Nacional – O senhor é extremamente jovem. Como é assumir um posto dessa importância com tão pouca idade?
Eduardo Peliciolli – Em Passo Fundo temos jovens vereadores, secretários municipais, militantes partidários, líderes estudantis. Existem várias pessoas jovens que começam a participar da política e gostam disso e se destacam. É um novo perfil político que está ocorrendo em Passo Fundo.
ON – E qual foi o caminho até a direção do Case?
EP – Eu participo da política desde o Ensino Fundamental. No Ensino Médio, fui para a Escola Monteiro Lobato, e lá não existia Grêmio Estudantil. Conseguimos uma sala e criamos um Grêmio. Com 16 anos acabei me filiando ao partido (PSB). Sempre gostei de atuar, mas sempre nos bastidores, trabalhei também na 7ª Coordenadoria Regional de Educação, como chefe de gabinete do coordenador. Creio que o fato de estar no Case hoje seja um reconhecimento do partido à minha militância. É o resumo do trabalho, as pessoas estão acreditando na juventude, e é uma grande chance para mim.
ON – Em que situação o senhor encontrou o Case?
EP – O Case de Passo Fundo tem uma estrutura muito boa, comparada com as outras unidades, pode-se dizer que é a melhor do Estado. A equipe técnica e administrativa é muito competente. O último concurso público aconteceu há seis anos, então a equipe é bastante experiente, tem um manejo diferenciado com os adolescentes. Hoje os adolescentes são disciplinados, respeitam os monitores pela forma como eles trabalham.
ON – Como é o atendimento aos adolescentes dentro da instituição?
EP – Hoje temos 17 projetos em andamento, de diversas áreas e buscamos ampliar isso. Já temos mais quatro projetos que estão sendo estudados, analisando onde vamos buscar os recursos. Pretendo encaminhar dois projetos ao Comdica (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e ao Conselho Municipal do Meio Ambiente para juntar recursos para desenvolver atividades com os adolescentes.
ON – E como são captados os recursos para o desenvolvimento dos projetos?
EP – Às vezes a unidade não consegue recursos junto à Fase (Fundação de Atendimento Socioeducativo), mas existem várias formas de se obter recursos hoje em dia. Existem vários conselhos que destinam recursos para projetos desta natureza. Não podemos ficar parados, temos que ser ativos, sempre buscar conversar. Entramos em contato com a 7ª CRE para resolver alguns problemas referentes à nossa escola e fomos bem atendidos. Estamos buscando com a Imed um convênio, em que os alunos seriam supervisionados pelos professores, nas áreas de psicologia, gestão pública e odontologia. Temos um consultório odontológico, mas não temos um profissional, então esta é também uma forma de buscar esse atendimento.
ON - Qual é a capacidade do Case?
EP – A capacidade é para 40 internos. Hoje temos 55, mas já chegou a 80. Temos muita preocupação em relação à segurança. É mais do que a casa poderia abrigar, mas acredito que ainda estamos em um nível que é considerado seguro. Quando passa de 60 internos fica mais complicado. São 40 celas individuais, mas alguns adolescentes podem dividir as celas. É feito um estudo pela equipe técnica para saber quem pode dividir. Em geral são colocados na mesma cela adolescentes com o mesmo porte físico e que não tenham cometido um ato infracional grave. É tudo pensado de forma a não acontecer nenhum tipo de transtorno, tanto para os adolescentes quanto para o Case.
ON – Qual o perfil dos internos?
EP – Alguns deles já têm históricos familiares de drogadição, o que é um grande problema. Muitos estão aqui em função das drogas. Então nós temos que reparar de alguma forma a falta da família ou a falta do Estado na vida destes adolescentes. Eles nunca foram amparados e nunca tiveram a noção exata de certo ou errado e mesmo limites. Quando eles chegam aqui nós apresentamos isso a eles, tanto que a taxa de reincidência é menor do que em outras regiões do país. Nossa unidade teve um conceito muito alto junto a uma comissão do Ministério da Justiça.
ON – É de fato possível reabilitar os jovens para a reintegração à sociedade?
EP – Em 2009 e 2010 trabalhei no Case com o Projeto Pintando o Sete, que teve uma repercussão bem positiva. Fazíamos grafitagem, hip-hop e pintura predial. Colocamos o hip-hop e a grafitagem para atrair os adolescentes, embora a idéia fosse levá-los ao curso de pintura predial. Eu era monitor desse curso e vinha aqui todos os sábados para acompanhar. De uma turma com 15 alunos, sete concluíram o curso. Eles receberam a carteira de pintor predial de uma empresa de São Paulo, que ajudou a ministrar o curso. Temos informações de que estes ex-internos estão trabalhando. E um deles foi morar em Chapecó (SC), onde está muito bem, mudou radicalmente de vida, ainda tenho contato com esse rapaz. Então, se conseguimos, através de um projeto como este, mudar a vida de uma pessoa, já é válido.

Gerson Urguim/ON

O Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) tem novo diretor desde o começo da semana. Eduardo Peliciolli, de 24 anos, é o novo responsável pela instituição que abriga 55 adolescentes em conflito com a lei. No local trabalham 65 servidores, além do serviço terceirizado de portaria.Nesta entrevista, o diretor conta um pouco de sua trajetória dentro da política e os projetos para administrar o Case, mantendo a unidade de Passo Fundo como a melhor do estado do Rio Grande do Sul. Peliciolli é formado em Gestão Pública e atualmente cursa o 6° semestre da faculdade de Direito.


O Nacional – O senhor é extremamente jovem. Como é assumir um posto dessa importância com tão pouca idade?

Eduardo Peliciolli – Em Passo Fundo temos jovens vereadores, secretários municipais, militantes partidários, líderes estudantis. Existem várias pessoas jovens que começam a participar da política e gostam disso e se destacam. É um novo perfil político que está ocorrendo em Passo Fundo.
ON – E qual foi o caminho até a direção do Case?

EP – Eu participo da política desde o Ensino Fundamental. No Ensino Médio, fui para a Escola Monteiro Lobato, e lá não existia Grêmio Estudantil. Conseguimos uma sala e criamos um Grêmio. Com 16 anos acabei me filiando ao partido (PSB). Sempre gostei de atuar, mas sempre nos bastidores, trabalhei também na 7ª Coordenadoria Regional de Educação, como chefe de gabinete do coordenador. Creio que o fato de estar no Case hoje seja um reconhecimento do partido à minha militância. É o resumo do trabalho, as pessoas estão acreditando na juventude, e é uma grande chance para mim.


ON – Em que situação o senhor encontrou o Case?

EP – O Case de Passo Fundo tem uma estrutura muito boa, comparada com as outras unidades, pode-se dizer que é a melhor do Estado. A equipe técnica e administrativa é muito competente. O último concurso público aconteceu há seis anos, então a equipe é bastante experiente, tem um manejo diferenciado com os adolescentes. Hoje os adolescentes são disciplinados, respeitam os monitores pela forma como eles trabalham.


ON – Como é o atendimento aos adolescentes dentro da instituição?

EP – Hoje temos 17 projetos em andamento, de diversas áreas e buscamos ampliar isso. Já temos mais quatro projetos que estão sendo estudados, analisando onde vamos buscar os recursos. Pretendo encaminhar dois projetos ao Comdica (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e ao Conselho Municipal do Meio Ambiente para juntar recursos para desenvolver atividades com os adolescentes.

ON – E como são captados os recursos para o desenvolvimento dos projetos?

EP – Às vezes a unidade não consegue recursos junto à Fase (Fundação de Atendimento Socioeducativo), mas existem várias formas de se obter recursos hoje em dia. Existem vários conselhos que destinam recursos para projetos desta natureza. Não podemos ficar parados, temos que ser ativos, sempre buscar conversar. Entramos em contato com a 7ª CRE para resolver alguns problemas referentes à nossa escola e fomos bem atendidos. Estamos buscando com a Imed um convênio, em que os alunos seriam supervisionados pelos professores, nas áreas de psicologia, gestão pública e odontologia. Temos um consultório odontológico, mas não temos um profissional, então esta é também uma forma de buscar esse atendimento.


ON - Qual é a capacidade do Case?

EP – A capacidade é para 40 internos. Hoje temos 55, mas já chegou a 80. Temos muita preocupação em relação à segurança. É mais do que a casa poderia abrigar, mas acredito que ainda estamos em um nível que é considerado seguro. Quando passa de 60 internos fica mais complicado. São 40 celas individuais, mas alguns adolescentes podem dividir as celas. É feito um estudo pela equipe técnica para saber quem pode dividir. Em geral são colocados na mesma cela adolescentes com o mesmo porte físico e que não tenham cometido um ato infracional grave. É tudo pensado de forma a não acontecer nenhum tipo de transtorno, tanto para os adolescentes quanto para o Case.

ON – Qual o perfil dos internos?

EP – Alguns deles já têm históricos familiares de drogadição, o que é um grande problema. Muitos estão aqui em função das drogas. Então nós temos que reparar de alguma forma a falta da família ou a falta do Estado na vida destes adolescentes. Eles nunca foram amparados e nunca tiveram a noção exata de certo ou errado e mesmo limites. Quando eles chegam aqui nós apresentamos isso a eles, tanto que a taxa de reincidência é menor do que em outras regiões do país. Nossa unidade teve um conceito muito alto junto a uma comissão do Ministério da Justiça.


ON – É de fato possível reabilitar os jovens para a reintegração à sociedade?

EP – Em 2009 e 2010 trabalhei no Case com o Projeto Pintando o Sete, que teve uma repercussão bem positiva. Fazíamos grafitagem, hip-hop e pintura predial. Colocamos o hip-hop e a grafitagem para atrair os adolescentes, embora a idéia fosse levá-los ao curso de pintura predial. Eu era monitor desse curso e vinha aqui todos os sábados para acompanhar. De uma turma com 15 alunos, sete concluíram o curso. Eles receberam a carteira de pintor predial de uma empresa de São Paulo, que ajudou a ministrar o curso. Temos informações de que estes ex-internos estão trabalhando. E um deles foi morar em Chapecó (SC), onde está muito bem, mudou radicalmente de vida, ainda tenho contato com esse rapaz. Então, se conseguimos, através de um projeto como este, mudar a vida de uma pessoa, já é válido.

Gostou? Compartilhe