Um ano de Posto Móvel Comunitário

Guarnição recebeu o Prêmio Polícia Cidadã em 2010, concedido pelo Comando Geral da Brigada Militar

Por
· 4 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Gerson Urguim/ON

       O Posto Móvel Comunitário da Brigada Militar completou um ano de existência no último domingo (17). Criado a partir de uma ideia que surgiu entre as associações de moradores de Passo Fundo e a Brigada Militar, desde então vem sendo uma forma de aproximar o Estado da comunidade. “Nós tínhamos aquela ideia antiga de que um módulo nos bairros era a solução para resolver o problema da criminalidade. Com o passar do tempo percebemos que estávamos fazendo uma zeladoria de um prédio que a comunidade havia construído e deixando de fazer o policiamento preventivo”, explicou o capitão Jeferson Miguel da Silva, comandante do Esquadrão de Polícia Comunitária.

       A partir disto, chegou-se à iniciativa de constituir uma guarnição dotada de equipamentos, permitindo ao efetivo de policiais que fosse até a comunidade e lá permanecesse por algum período. “Desta forma podemos atender a um número maior de bairros em Passo Fundo, enquanto aquele módulo fixo nos permitiria apenas atender aos moradores do bairro onde estava instalado”, disse o capitão Da Silva. A estrutura do Posto Móvel Comunitário permite, inclusive, o registro de ocorrências. Hoje os módulos fixos estão instalados apenas nos bairros Vera Cruz, Boqueirão, Petrópolis, São José e Santa Marta. A guarnição do Posto Móvel Comunitário é formada por seis policiais. No momento, um deles está  afastado por problemas médicos.

       O patrulhamento do Posto Móvel Comunitário nos bairros é feito a partir dos índices de criminalidade da Brigada Militar, onde é feita uma análise dos bairros com maior índice no último trimestre. São analisados dados como homicídios, furtos, roubos, desordem e perturbação do sossego. Com os dados em mãos, o emprego do posto móvel é direcionado a estes locais.

Uma grande diferença do Posto Móvel Comunitário em relação às outras guarnições é a proximidade com as comunidades. É feito o contato com as diretorias das associações de moradores, que participam de reuniões mensais com os policiais para discutirem as questões relativas à segurança. Além do patrulhamento, o Posto Móvel Comunitário também presta serviços de assistência social à comunidade. “Muitas vezes, as pessoas nos vêem apenas como repressores, o que é uma herança da ditadura militar. As pessoas começam a observar que nós somos parte da mesma sociedade em que elas vivem”, disse o capitão Da Silva.

       Em um ano de atividade, o Posto Móvel Comunitário fiscalizou 2500 veículos, identificou 4180 pessoas, autuou 382 pessoas por irregularidades no trânsito, inclusive 15 menores e motoristas sem habilitação, recolheu 45 CNHs, por suspensão ou cassação, encaminhou 24 menores para o Conselho Tutelar ou à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, 61 menores em ato infracional ou situação de risco, prendeu 44 pessoas, duas apreensões de drogas e seis armas também foram apreendidas.

Um dia com a guarnição

       Na tarde desta sexta-feir (15), a reportagem de O Nacional acompanhou a guarnição e percebeu que, a princípio, o objetivo de criar uma forma de policiamento que se aproxime da comunidade, mas que não deixe de coibir e reprimir os delitos, é válido e parece funcionar. Durante patrulhamento no bairro São Luiz Gonzaga, os policiais localizaram dois adolescentes, um de 13 e outro de 16 anos, que, ao visualizarem o Posto Móvel Comunitário, fugiram. Os policiais perseguiram e apreenderam adolescentes, que foram encaminhados à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. Os jovens haviam sido pagos para arremessarem duas garrafas pet contendo cachaça para dentro do Presídio Regional de Passo Fundo.

       Após a apreensão dos menores, os policiais foram até o Centro de Juventude da Leão XIII, no bairro São Luiz Gonzaga, onde recolheram roupas que seriam doadas. “Acho muito interessante este trabalho, e nós, como comunidade, temos que dar força. Algumas pessoas ainda vêem a polícia de outra forma. É preciso fazer com que as pessoas entendam que a Brigada Militar está aqui para nos ajudar”, disse a coordenadora do Centro de Juventude, Márcia Wickert. As roupas foram armazenadas no posto policial do Parque da Gare, de onde seriam encaminhadas para doação.

       Para o comandante do Posto Móvel Comunitário, sargento Evandro Carlos da Silva, este policiamento já vinha sendo reivindicado pelas associações de moradores. “Esta era uma antiga reivindicação do movimento comunitário”, explicou o sargento que já participou de associações de moradores. Todos os policiais que atuam no Posto Móvel Comunitário foram escolhidos por possuírem este perfil.

       A guarnição também realiza projetos como o Natal Solidário, que foi programado junto com a associação de moradores. “Envolvemos mais de 500 crianças. Nós preparamos cartas e distribuímos na própria comunidade, convidando as pessoas a doarem brinquedos e brindes. Desta forma conseguimos promover uma festa muito boa, e levamos o Papai Noel para distribuir os presentes. Enquanto as crianças se divertiam, os pais recebiam roupas e calçados que foram doados. Quando saímos do bairro com o posto móvel, as crianças abanavam. Estamos quebrando este paradigma, estamos aproximando estas crianças que poderiam vir a ser um adolescente problemático, um adulto problemático e até mesmo um criminoso”, explicou o sargento Evandro Carlos.

       Outra situação que reflete esta proximidade dos policiais com a comunidade aconteceu no fim da tarde de sexta-feira, enquanto era feito o patrulhamento no bairro São José. Os policiais faziam uma barreira, quando duas crianças passaram pelo local. Uma menina com cerca de dez anos cumprimentou os policiais. O amiguinho que caminhava com ela perguntou: “Por que você está cumprimentando eles?”. Ao que a menina respondeu: “Eles são meus amigos”.

Destaque

       Os policiais faziam uma barreira quando uma menina com cerca de dez anos os cumprimentou. O amiguinho que caminhava com ela perguntou: “Por que você está cumprimentando eles?”. Ao que a menina respondeu: “Eles são meus amigos”

Gostou? Compartilhe