Gerson Lopes/ON
Pelo menos 10 índios caingangues foram presos ontem, durante operação desencadeada pela Polícia Federal e Brigada Militar, na reserva de Charrua, distante cerca de 40 quilômetros de Passo Fundo. Eles são acusados de vandalismo, furtos, formação de quadrilha e saques contra as casas dos cerca de 600 índios que deixaram a reserva após o conflito ocorrido no feriado de Páscoa, motivado pelo consumo de bebida alcoólica.
A Polícia Federal de Passo Fundo instaurou inquérito para apurar o caso e constatou os estragos causados na reserva. De posse de 13 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal de Erechim, cerca de 200 policiais federais e militares chegaram na reserva por volta das 6 horas. Para garantir a segurança, as saídas da cidade foram bloqueadas. Os 10 índios presos foram levados para Erechim. Outros três permanecem foragidos.
Após as prisões, a polícia comandou o retorno para a reserva dos 600 índios que haviam deixado o local após o conflito. Eles estavam acampados há uma semana, no ginásio esportivo da cidade. Responsável pela operação, o delegado da Polícia Federal, Celso André Nene, afirma que uma equipe da PF e outra da BM devem permanecer por mais 10 dias na reserva para garantir a tranqüilidade e o convívio pacífico entre os dois grupos. “Prendemos os líderes, mas tem outras pessoas envolvidas. Vamos continuar acompanhando de perto” diz o policial.
Coordenador substituto da Funai de Passo Fundo, Rafael Ávila, explica que os ânimos se acirraram na reserva após a decisão do cacique, eleito há um mês, de proibir o consumo de bebida alcoólica na reserva. Inconformados com a derrota por uma pequena diferença, o grupo dissidente acabou provocando o conflito. A situação se agravou após a prisão de dois índios, efetuada pela polícia indígena. Revoltados, familiares dos presos passaram a atacar integrantes do grupos, promovendo quebra-quebra e invasão nas residências. Na operação de ontem, a Polícia Federal contou com o reforço de 150 homens dos Batalhões Especiais de Passo Fundo e de Santa Maria. Uma aeronave da BM foi utilizada nos trabalhos.