Gerson Urguim/ON
Uma situação inusitada cerca o 18° homicídio do ano de 2011 em Passo Fundo. A vítima, identificada como José Gonzalez Junior, chama-se, na verdade, Ademir Pereira Gomes, que morreu na madrugada de segunda-feira (9), por volta das 3h, após ser atingido com dois tiros na cabeça e outro no abdomen. Ele estava na casa da namorada, na Rua Uruguaiana, Vila Dona Eliza, quando foi assassinado.
A confusão foi descoberta pela polícia na manhã de terça-feira (10), quando o próprio José Gonzalez Junior esteve na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. Em um primeiro momento, a irmã de Ademir apresentou-se na delegacia e contou a história aos policiais. Ela recebeu a orientação de que o companheiro também deveria comparecer à delegacia.
Após o esclarecimento da situação os policiais foram até o velório. Quando a Equipe Volante da DPPA chegou ao local do velório, o corpo de Ademir estava sendo encaminhado para o sepultamento. Foi solicitado um exame papiloscópico, de impressões digitais, no cadáver para confirmar as informações.
O José Gonzalez Junior, que está vivo, é companheiro da irmã de Ademir. Em 2009, Gonzalez havia registrado o extravio de seus documentos em Florianópolis, onde reside e que estavam em poder de Ademir quando foi assassinado e acabou sendo identificado como tal.
Ademir Pereira Gomes tinha inclusive cumprido pena por tráfico de drogas no Presídio Regional de Passo Fundo, de onde saiu no final do ano passado, utilizando a documentação de Gonzalez. A hipótese mais provável é a de que Ademir tenha furtado os documentos do cunhado e em seguida vindo para Passo Fundo.
De acordo com o delegado Diogo Ferreira, da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, que atendeu à ocorrência registrada por Gonzalez, o fato de não existir uma unificação de bancos de dados entre as polícias de diferentes estados do país colabora para que este tipo de situação ocorra. “A nova carteira de identidade vai melhorar a identificação. A vítima tinha carteira de identidade do Estado do Paraná e, como não há ligação entre os bancos de dados, a identificação fica prejudicada”, explicou.
O verdadeiro José Gonzalez Junior retornaria ainda na terça-feira (10), para Florianópolis, junto com a irmã da vítima. ele também terá que, através de ação judicial retirar os crimes cometidos por Ademir utilizando seus documentos para excluir os delitos de seus antecedentes criminais.
Testemunhas do crime temem represálias
De acordo com uma vizinha do local onde aconteceu o crime, a mãe da namorada de Ademir não voltou pra casa após o enterro. A mulher que também compareceu ao velório, afirmou que as testemunhas estão sendo ameaçadas pelo suspeito de matar Ademir.
A reportagem de O Nacional esteve na residência na Rua Uruguaiana, porém, não havia ninguém na casa.
O caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia de Polícia.