A volta dos módulos policiais

Comando do 3ºRPMon aposta em projeto de segurança iniciado nos anos 90

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Gerson Lopes/ON
         
A reinauguração do módulo policial da vila Vera Cruz, marcada para a próxima quinta-feira, significa a retomada da política de descentralização do policiamento adotada pela Brigada Militar, durante a década de 90 e início dos anos 2000.  Nesse período, pelo menos 14 postos foram construídos, todos com recursos doados pela sociedade civil.

O desafio de retomar o processo de aproximação do policial com a comunidade está nos planos do novo comandante do 3º RPMon, coronel Antônio Carlos da Cruz. Defensor da estratégia, ele participou da implementação e atuou por vários anos no comando das guarnições. Convicto dos resultados chegou a abordar o tema em uma monografia na Academia de Polícia Militar. “Quando recebi o convite para comandar o regimento de Passo Fundo, disse que viria para desenvolver algumas ideias, uma delas é resgatar esse processo. Os policiais que atendiam nos bairros até hoje são conhecidos dos moradores” afirma.

Além da identificação, para o comandante a descentralização traz agilidade, ao encurtar as distâncias nos deslocamentos, e eficiência no atendimento das ocorrências. A partir de quinta-feira, o módulo da Vera Cruz sediará o 2º Pelotão de Policiamento. Serão pelo menos 10 policiais circulando pelos bairros que integram a grande Vera Cruz.

Para receber o pelotão, o local passou por reformas. Moradores e empresários mais uma vez se uniram e arrecadaram os recursos necessários para recuperação do prédio, avaliada em aproximadamente R$ 1.600. Além da doação de um notebook. O módulo dispõe de uma sala para atendimento, banheiro, cozinha e garagem.

“Estamos felizes com essa notícia. Um grande número de estudante circula pelo bairro, principalmente à noite. Também há muito vandalismo praticado contra os estabelecimentos dessa região. Com a presença dos policiais, estaremos mais seguros” diz a moradora, Neura Boff, 39 anos.

Atual coordenador da comissão de manutenção do módulo, Paulo Roberto Bibiano participou ativamente na construção do prédio, inaugurado em 2000. Apesar das dificuldades enfrentadas, lembra com orgulho o envolvimento dos moradores. “Tínhamos um livro-ouro, onde anotávamos todas as doações. A retomada é uma conquista de todos que ajudaram naquela época” comenta. Juntamente como reforço policial, será criado um conselho de segurança do bairro, para dar suporte ao trabalho. A política de retomada dos módulos inclui ainda, no primeiro momento, o módulo do bairro Boqueirão, localizado na avenida Brasil. Segundo Cruz, o local será sede do 3º Pelotão.

O projeto dos módulos
Assustadas com o crescimento dos índices de violência, as comunidades viram no projeto dos módulos a solução para o problema. Para atrair o policiamento, lideranças comunitárias, moradores e empresários se reuniam e levantavam os recursos necessários para a construção dos postos. O primeiro deles surgiu em 1991 no bairro José Alexandre Zachia, na época Pró-Morar. Com a chegada dos policiais, o local, até então conhecido pela violência, passou a ter um novo perfil. “As famílias respeitavam o trabalho, a movimentação nas ruas diminuiu bastante. A imagem negativa do bairro foi se desfazendo aos poucos” lembra o soldado Alcir José Damin, que trabalhou no bairro durante 14 anos.

A partir dos primeiros resultados, os módulos espalharam-se pela cidade. 14 deles foram construídos, mas a expectativa de maior segurança não se confirmou. A partir da primeira metade da década de 2000, com as várias mudanças de comando e de estratégias do3º RPMon, aliado ao crescimento da cidade e redução do efetivo, o projeto caiu por terra. “Com a criação do Batalhão de Operações Especiais, e do Batalhão ambiental, muitos policiais do regimento foram remanejados para compor esses efetivos”, comenta Cruz.

A mudança de rumo provocou o abandono dos prédios. Muitos deles foram destruídos e alguns usados para outras finalidades. No Záchia, o local que servia de referência para os moradores tornou-se moradia para uma família de cinco pessoas. No bairro Jaboticabal, o que restou do módulo, alvo frequente dos vândalos, é aproveitado para cursos e também para depósito de materiais do posto de saúde existente ao lado. Ontem, os funcionários encontraram, mais uma vez, o local arrombado. Os autores danificaram um armário e espalharam materiais pelo chão. Já os módulos da Petrópolis e bairro São José, recebem esporadicamente a visita dos policiais.

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