Fim do mistério

Polícia localiza corpo do professor e prende três envolvidos no brutal assassinato

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Gerson Lopes/ON
    
O mistério em torno do desaparecimento do professor Enio José Poletto, 44 anos, terminou de forma trágica. A Polícia Civil de Marau encontrou ontem à tarde, o corpo da vítima, parcialmente queimado, próximo ao trevo de acesso ao município de Ciríaco, na BR 285. A indicação do local foi feita pelos três acusados do crime, com idades entre 19 e 21 anos, presos no início da manhã na cidade de Lages. Os policiais também localizaram o carro do professor. O Gol havia sido jogado nas águas do rio Caveira, próximo ao município catarinense.

Poletto estava desaparecido desde a manhã de segunda-feira, quando deixou de comparecer para o início do semestre letivo, na escola Notre Dame, onde trabalhava como coordenador pedagógico. Responsável pelas investigações, a delegada Alexandra Taube Nunes confirmou que o assassinato ocorreu ainda na noite de domingo.

A vítima havia passado o dia em Marau junto com amigos e familiares.  À noite, já em Passo Fundo, jantou na casa de uma colega, onde ficou até por volta das 20h30min. De acordo com a delegada, os três acusados estiveram no apartamento da vítima, localizado na avenida Brasil. Depois disso, Poletto teria dado carona para o trio até a localidade de São Paulo da Cruz, interior de Marau. Ao chegar no local, foi surpreendido com pelo menos uma facada no pescoço. Em seguida, colocaram o corpo no porta-malas do Gol. Dois deles fugiram no veículo, enquanto o terceiro deixou o local a pé. Mais tarde, ele teria ido de ônibus para Lages.

Antes de abandonar o corpo às margens da BR 285, próximo ao trevo de acesso ao município de Ciríaco, os autores ainda atearam fogo no cadáver, utilizando produto inflamável (solvente). A delegada não chegou a comentar sobre os motivos do crime, mas uma das principais hipóteses é de que eles estariam interessados em roubar e vender o carro da vítima. Ao constatarem que o Gol já constava no sistema de veículos furtados da polícia, decidiram jogá-lo no rio. “Se não fosse a indicação deles, teríamos muita dificuldade em encontrar o corpo. Ainda não esclarecemos a motivação” disse a delegada. Em relação ao fato de colegas terem encontrado, na segunda-feira, o apartamento de Poletto, com a porta apenas encostada, TV e computador ligados, um policial revelou que fazia parte do hábito da vítima. “Pelas informações obtidas, ele costumava sair e deixar os equipamentos ligados” contou.
    
Investigação
Moradores da cidade catarinense de Lages, os três envolvidos no caso prestavam serviços temporários em Marau. Atualmente residiam em São Paulo da Cruz, distante aproximadamente 12 quilômetros do centro. Para chegar aos autores, a polícia contou com os depoimentos de pelos menos duas testemunha. Com base nas declarações, na terça-feira uma equipe do Instituto Geral de Perícia esteve no local e conseguiu coletar amostras de sangue, encaminhadas para análise. Com os mandados de prisões em mãos, policiais partiram na manhã de ontem para Lages e surpreenderam os três acusados na casa de seus familiares. Dois deles foram ouvidos ainda em Santa Catarina, e assumiram a participação no caso.

Os três chegaram ontem à tarde na delegacia de Marau, sob gritos e protestos de amigos da vítima, inconformados com o brutal assassinato. Alguns mais exaltados ainda tentaram investir contra eles, mas foram contidos pelo forte esquema montado pelos policiais.

A dona de casa Maria Elena, 59 anos, não conteve as lágrimas ao saber da morte do amigo. Bastante emocionada, disse não ter palavras para definir a amizade e a admiração que sentia pelo professor. “Era uma pessoa que só fazia o bem, estava sempre pronta para ajudar. Não merecia ter passado por isso”. Desabafou. A professora Alnei Ramos da Cunha, 31 anos, fez questão de ir até a delegacia para conferir de perto a informação sobre a perda do amigo com quem costumava passar as festas de finais de ano na praia Rainha do Mar. “Era um amigo e tanto. Eu nem acredito no que aconteceu. Uma pessoa que não tinha um pingo de maldade no coração ter sofrido tanto assim” revela emocionada.

Os três tiveram a prisão temporária (30 dias) decretada e seriam encaminhados para o Presídio Regional de Passo Fundo, logo após prestaram depoimento.

Luto
Poletto era coordenador pedagógico no colégio Notre Dame, e nas escolas estaduais Monteiro Lobato e Ernesto Tochetto. As três decretaram luto e suspenderam as aulas hoje. O corpo do professor será sepultado às 16 horas de hoje, no cemitério municipal de Marau.

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