Gerson Lopes/ON
Ao som da música Canção da América, familiares, colegas de trabalho e amigos se despediram na sexta-feira à tarde, do professor Enio José Poletto, 44 anos, brutalmente assassinado no último domingo. O corpo da vítima foi sepultado às 17h, no Cemitério Municipal de Marau.
Natural de Marau, mas com uma carreira consolidada em Passo Fundo, onde desempenhava a função de coordenador pedagógico em três escolas, a morte de Poletto provocou comoção nas duas cidades. A capela mortuária onde aconteceu o velório ficou pequena para receber tantos amigos.
As três escolas de Passo Fundo decretaram luto e suspenderam as aulas. A direção da Ernesto Tochetto lotou um ônibus de professores, funcionários e alunos para acompanhar o velório e o sepultamento. Professores das escolas Notre Dame e Monteiro Lobato também estiveram presentes.
“Era uma pessoa que desempenhava a função dele com muita segurança. Sabia o que estava fazendo, além de ser muito carismático. É uma perda irreparável”, lamenta o diretor da Monteiro Lobato, Olmir Fonini.
As manifestações de carinho emocionaram ainda mais os familiares. “Isso demonstra o quanto ele era querido. Os gestos e as palavras servem como um consolo. Preciso agradecer em público todas as palavras de o apoio, tanto das pessoas de Marau como de Passo Fundo”, desabafou emocionado, Gelso Poletto, irmão de Enio.
Delegada revela novos detalhes do crime
Mesmo sem ter esclarecido os motivos que provocaram o assassinato do professor Enio José Poletto, os três acusados do crime serão indiciados por latrocínio (roubo seguido de morte), cuja pena varia de 20 a 30 anos de prisão, e ocultação de cadáver. A decisão, segundo a delegada Alexandra Taube Nunes, responsável pelas investigações, está baseada no roubo do veículo, folhas de cheques e do celular da vítima, encontrados em poder do trio no momento da prisão na cidade de Lages/SC.
Em entrevista na sexta-feira, a policial revelou que o ponto de partida para desvendar o misterioso desaparecimento do professor, confirmado na segunda-feira, chegou no dia seguinte à delegacia de Marau. Duas testemunhas revelaram ter visto o momento em que ele foi esfaqueado e morto, na localidade de São Paulo da Cruz, interior de Marau, onde fica o alojamento improvisado de funcionários que prestam serviços para uma empresa no município. Ainda na terça-feira uma equipe do Instituto Geral de Perícia compareceu no local e reforçou a denúncia ao coletar amostras de sangue para análise.
Segundo a policial, depois de receber o primeiro golpe de faca, dentro do carro, a vítima conseguiu correr para pedir socorro, mas foi alcançada e atingida novamente. Poletto caiu no piso do alojamento. Ainda na quinta-feira, policiais estiveram no interior do prédio e, com ajuda do produto químico luminol, encontraram vestígios de sangue no chão, o qual havia sido lavado para não deixar pistas. A delegada disse ainda que os autores usaram papel e lençol para enrolar o corpo antes de colocá-lo no porta mala do carro da própria vítima. Todas as facadas (número exato será comprovado a partir do exame de necropsia) foram desferidas pelo homem de 21 anos. Pelos depoimentos, ele conheceu o professor na mesma noite do crime, através dos outros dois comparsas. A faca foi encontrada junto ao corpo, próximo ao trevo de acesso ao município de Ciríaco, às margens da BR 285, na quinta-feira, mesmo local onde atearam fogo no cadáver usando solvente.
Ainda conforme a delegada Alexandra, o professor teria vindo buscar o trio domingo à noite, na localidade de São Paulo da Cruz. “Eles permaneceram um tempo lá, inclusive tomaram cervejas. Depois foram para Passo Fundo e estiveram no apartamento da vítima”, revelou. Poletto acabou sendo morto ao levar os três de volta para o interior de Marau, por volta da 1h. Antes, o sistema de câmeras de um posto de combustível, em Passo Fundo, registrou o momento em que ele parou para abastecer, comprar cigarros e uma garrafa de vodka, acompanhado dos três envolvidos.
Durante as prisões na cidade de Lages, a polícia encontrou o celular e folhas de cheques de Poletto, além de roupas dos acusados sujas de sangue. Os três, que não tinham antecedentes, estão recolhidos no Presídio Regional de Passo Fundo com a prisão temporária (30 dias) decretada. Alexandra aguarda o resultado de exames e ainda deverá ouvir mais pessoas antes de encerrar o inquérito.