Policiais militares protestam por melhores salários

Manifestações ocorreram durante toda a segunda-feira e na madrugada uma barreira de pneus foi queimada na BR-285

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Gerson Urguim/ON
Na busca por melhores salários e aprovação da PEC 300, que estabelece um piso salarial nacional para a categoria, policiais militares protestaram durante a segunda-feira (22). O projeto, de 2008, está parado na Câmara dos Deputados.
Durante a madrugada, por volta de 4h30, uma barreira com cerca de 30 pneus foi incendiada no quilômetro 295,6 da BR-285, no acesso a Passo Fundo. O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou cerca de meia hora para controlar o incêndio. A pista foi liberada após o fogo ter sido apagado.
Nenhum manifestante foi encontrado no local, onde foram deixadas faixas com os dizeres “Bem vindo a Passo Fundo, aqui os policiais recebem o pior salário, mas estão dispostos a lutar até o fim, ou melhorá-lo para?” e “Bem vindo a Passo Fundo, a Capital Nacional da Literatura. Sua segurança está garantida por policiais que ganham o pior salário do Brasil”.
Pela manhã, membros da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho-Regional Passo Fundo (ABAMF-PF) e da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), expuseram novas faixas, desta vez, em frente ao pórtico de entrada da Universidade de Passo Fundo, em um protesto que durou até o final da tarde. A intenção era entregar ao governador Tarso Genro, que era esperado para a abertura da Jornada Nacional de Literatura, uma carta-protesto, relatando a situação salarial dos policiais.
Segundo o presidente da ABAMF-PF, que representa os policiais militares de nível médio, Jadir Lusa, o protesto dos policiais na busca por melhores salários é pacífico. “Nossa manifestação sempre foi pacífica. Vamos aguardar o prazo de 20 dias que o governador pediu para analisar as nossas propostas e dependendo do resultado poderemos até fazer uma paralisação geral”, explicou. 
Ainda de acordo com Lusa, o salário básico de um policial militar no Rio Grande do Sul é o mais baixo de todo o país e fica abaixo do salário mínimo. “O salário é uma vergonha. Hoje o salário básico de um soldado é de R$ 382, pouco mais de meio salário mínimo. Mas nos dizem que o nosso salário se baseia nas vantagens que recebemos, mas nem todos os policiais recebem estas vantagens”, disse.
Quanto ao episódio da queima de pneus, Lusa afirmou que tanto a ABAMF-PF quanto a ASSTBM não tiveram relação com o ato. “Não temos nenhuma responsabilidade sobre isso. Quem fez isso é alguém que também está revoltado com a situação. Não digo que não tenham sido colegas nossos, mas deve ser porque eles estão revoltados com a situação”, afirmou.
Para o diretor presidente da ASSTBM, José Luiz Zibetti, o salário dos policiais militares é vergonhoso. “Acredito que até o Estado tenha vergonha de pagar este salário aos policiais militares. Quem está aqui visitando a Jornada de Literatura está tendo segurança de qualidade em Passo Fundo. Espero que neste prazo de 20 dias que o governador pediu, ele apresente uma boa proposta, caso contrário nós vamos continuar. Os policiais precisam de um salário melhor para viver com dignidade e a sociedade merece uma polícia bem paga”, declarou.
Já o comandante do CRPO-Planalto, coronel João Darci Gonçalves da Rosa, condenou o incêndio provocado na rodovia e afirmou que, caso sejam identificados os responsáveis, eles deverão ser punidos. “Nós somos contrários a este tipo de manifestação, de se bloquear uma rodovia. Ainda não sabemos se houve participação das entidades de classe neste episódio, mas com certeza este não é o melhor caminho. Pode ter sido algum familiar de um policial militar que tenha feito isso e aí não temos o que fazer em relação a identificar os autores. Já a mobilização que aconteceu na Universidade de Passo Fundo é um direito que eles têm de se manifestar. Entendemos que é um movimento justo, já que os salários, não só dos praças, mas em todos os níveis da Brigada Militar são baixos. Vamos abrir um procedimento, realizar uma análise mais profunda dos incidentes da manhã de hoje (ontem)”, disse.

Gostou? Compartilhe