Envolvidos na morte de jovem alegam legítima defesa

Por cerca de duas horas, polícia tomou depoimento de dois suspeitos ontem à tarde

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    A titular da  1ª Delegacia de Polícia, delegada Daniela de Oliveira,  ouviu ontem à tarde duas versões diferentes sobre a morte do jovem  Adriano Martineli, 21 anos, ocorrida sábado à noite, no bairro Petrópolis. Motivada por uma discussão no trânsito, o rapaz levou uma facada no peito e morreu quando recebia os primeiros socorros no hospital. Os dois homens acusados do crime se apresentaram acompanhados de advogado e alegaram legítima defesa. Já o menor, de 17 anos, que estava no carro com a vítima, apresentou outra versão para os fatos.

    O aposentado, de 54 anos, com quem aconteceu a discussão, disse que estava indo para casa, conduzindo seu  Córdoba pela rua Olavo Bilac, quando na esquina com a Moron, teve a preferencial cortada pelo Corsa conduzido por Martineli. Segundo declarou, ao estacionar o carro, passou a ser xingado e, em seguida, agredido pelos dois ocupantes do carro. “Eles me chutaram e depois bateram minha cabeça contra o chão” afirma, mostrando várias lesões no rosto, na cabeça e também pelo restante do corpo.

    A facada que resultou na morte do jovem foi desferida por um homem de 40 anos. Ele disse à polícia que passava de carro pela Castro Alves, onde viu o amigo sendo agredido. Pensando ser um assalto, desembarcou com uma faca de cozinha no bolso para tentar impedir as agressões. “ Ele  se aproximou com a intenção de ajudar a vítima, mas recebeu um soco na boca. Em seguida, o jovem investiu novamente,  então puxou a faca e desferiu a estocada. Foi uma tragédia o que aconteceu”, revelou o advogado Roque Letti, que atua na defesa de ambos. O motorista disse que estava caído e não presenciou o momento da facada. Logo após, embarcou no carro e seguiu para casa. Ambos residem no bairro Petrópolis.

    Pela versão do adolescente, ouvido no início da tarde, a discussão teria iniciado no cruzamento da avenida Brasil. Conforme declarou à polícia, enquanto  aguardavam o fluxo de veículos, no canteiro central,  um amigo de moto se aproximou e iniciou uma conversa. O fato teria irritado o aposentado. “Pelo relato do menor, ele falou algo para os jovens e saiu atrás deles. Na perseguição, teria batido na lateral do carro. Depois, os dois passaram a segui-lo”, revelou a delegada com base no depoimento. O menor disse  ainda que apenas Martineli entrou em luta corporal com o motorista.  Também não soube precisar se o autor da facada teria saído de alguma residência nas proximidades ou de algum veículo.

    Responsável pelas investigações, a delegada Daniela de Oliveira, já solicitou exame de corpo de delito dos dois acusados, e também, perícia nos veículos. “Vamos confrontar as versões com os danos materiais encontrados nos carros para esclarecermos as circunstâncias dos fatos. Temos certeza que o crime ocorreu a partir de uma discussão de trânsito com  motivação fútil ”, diz a policial. Segundo ela, a arma do crime não foi apresentada. Nenhum dos envolvidos tinha antecedentes criminais. Os dois suspeitos foram ouvidos e liberados.
   
“O sonho dele era conhecer o mar”

    Inconformado com a perda do irmão, Cristiano Martineli, 24 anos, disse que vai acompanhar o caso de perto ‘para que a justiça seja feita’.  Ele contou que estava em casa no sábado à noite, aguardando o irmão para jogar futebol. “ Liguei várias vezes, mas ele não atendia. De repente, recebi uma ligação e o  amigo avisou que ele havia sido esfaqueado e estava no hospital. Corremos pra lá, mas ele não resistiu” disse emocionado. Cristiano descreveu o irmão mais novo como uma pessoa alegre, bem humorada e sempre disposta. Além da paixão pelo futebol,  o jovem que trabalhava como projetista em uma empresa, literalmente contava os dias para realizar o   sonho de conhecer o mar. “Combinamos de passar a virada do ano na praia, então,  todos os dias ele entrava na internet e atualizava a página  do facebook para fazer a contagem do tempo”, conta.
    A morte de Adriano também movimentou as redes sociais na internet. Dezenas de mensagens manifestando o carinho e a dor pela perda do rapaz foram  postadas desde que a notícia da morte se espalhou. “Alguns amigos já pediram foto dele para estampar em camisetas e cartazes.  Provavelmente faremos alguma mobilização pedindo por justiça”, revela.    

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