Angustiados com o desaparecimento da soldado Luane Chaves Lemes, 23 anos, a família já analisa a possibilidade de pagar uma recompensa de aproximadamente R$ 7 mil para quem tiver alguma informação segura que leve ao paradeiro dela. Familiares de Carazinho ofereceram uma moto, e mais R$ 2 mil em dinheiro. O pai da policial, sargento, Paulo Lemes, disse ter conversado com colegas da Brigada Militar e recebido apoio para conseguir mais R$ 3 mil. “Estamos há mais de uma semana procurando e até agora nenhuma pista. Vamos analisar a possibilidade de uma recompensa, para quem trouxer minha menina de volta. Ontem à noite, tive pela primeira vez, a sensação de que ela realmente está viva. Alguém levou minha filha” afirma.
Devido a uma falha no sistema da operadora telefônica, a Polícia Civil deve receber somente nesta terça-feira, o relatório referente à quebra de sigilo do celular levado pela policial. Aguardado com expectativa, tanto pelos investigadores, como pela família, o relatório pode apontar pistas sobre o trajeto, ou até mesmo, o paradeiro da PM, com base nas ligações recebidas ou realizadas por ela.
Responsável pelo caso, a titular da 1ª DP, delegada Daniela de Oliveira Mineto, disse nesta segunda à tarde que a polícia já verificou diversas informações, mas até agora não há nenhuma pista concreta. Com base nas imagens e depoimentos, os policiais montaram aquele que seria o suposto roteiro feito por Luane, na manhã de segunda-feira, até seu desaparecimento.
Pelas imagens registradas, após sair da rua da Brigada Militar, onde reside, a policial foi até a agência do Banrisul, na Presidente Vargas, e sacou R$ 100. Na sequencia, por volta das 9h16min, passou pela lotérica, ao lado, e comprou cigarros. O último registro das câmeras mostra Luane caminhando pela rua Duque de Caxias. O depoimento de um comerciante revela que, por volta das 11horas, ela esteve em seu estabelecimento, na Avenida Presidente Vargas, onde comprou uma certa quantia de carne.
“Um dos fatos que chama a nossa atenção é o intervalo de duas horas, desde a saída da lotérica até o momento em que comprou a carne. Uma das hipóteses é de que ela teria entrado na rua Senador Pinheiro e seguido na direção da casa do ex-namorado. Ele disse que ela tinha o hábito de monitorá-lo” afirma Daniela. Em depoimento, o rapaz, de 25 anos, que trabalha como vigia, nega ter visto a policial naquela segunda-feira. A partir da análise de imagens, a polícia comprovou que entre às 11h e 13h, ele estava em seu local de trabalho. Mesmo assim, a delegada não descarta a possibilidade de ouvi-lo novamente. Apesar de considerar o suicídio como uma das hipóteses para o sumiço da PM, Daniela define como intrigante, o fato de ela ter comprado carne, antes de desaparecer. “É um dado que realmente nos chama a atenção” diz. Pelos relatos, Luane já havia tentado o suicídio, há cerca de três anos, quando residia em uma cidade da serra gaúcha.
A delegada afirma que a polícia está concentrada no caso e que as buscas somente acontecem baseadas em informações. Ela descartou o envolvimento de um suposto carro vermelho, que teria sido visto nas imagens, e disse que é preciso filtrar as denúncias para não atrapalhar o trabalho. Segundo ela, o representante de uma ONG de cães farejadores da cidade de Ivoti, já está em Passo Fundo para auxiliar nas buscas. Ontem, o notebook da PM foi encaminhado à perícia em Porto Alegre.
Buscas
Desde o sumiço de Luane, familiares, amigos e equipes da Brigada Militar e Polícia Civil realizam buscas em toda a região, baseado em informações que chegam diariamente. A Patrulha Ambiental já percorreu as barragens do Capingui e Ernestina, divulgando a foto da PM, conversando com moradores e vistoriando veículos. De acordo com o auxiliar da 1ª Companhia do 3° Batalhão Ambiental, Eudecir Simor, os moradores dessas localidades já estão informados sobre o sumiço da policial. Comandante do 3º RPMon, o tenente-coronel, Antônio Carlos Cruz diz que as buscas ocorrem sempre com base em informações, mas até o momento, segundo ele, foram todas ‘infrutíferas’. Para auxiliar nos trabalhos, familiares estão distribuindo pela cidade cartazes com a foto de Luane. “Faço um apelo para que minha filha volte pra casa. Já nem sei mais o que pensar. A cada dia que passa nossa agonia aumenta, mas não perdemos a esperança” revela a mãe, Roselaine Chaves Lemes.