O enterro de Luane Chaves Lemes programado para a tarde desta quinta-feira, deverá ser marcado também por homenagens da Brigada Militar. Segundo o Comandante do 3º RPMon, Ten. Cel. Antônio Carlos da Cruz, será lida uma menção de louvor e a corporação prepara cortejo com viaturas e membros do pelotão hipo. O enterro de Luane será esta tarde.
A localização do corpo da policial militar Luane Chaves Lemes, 23 anos, na terça-feira à noite, confirmou a principal hipótese sustentada pela polícia desde o início das investigações. A titular da 1ª DP, delegada Daniela de Oliveira Mineto, não tem dúvidas de que a soldado praticou suicídio. O corpo da PM foi encontrado no interior de uma propriedade, no município de Fontoura Xavier, distante aproximadamente 100 quilômetros de Passo Fundo, em adiantado estado e decomposição. O resultado do exame de necropsia deve confirmar que a morte foi provocada por um disparo de revólver, e precisar a região exata da cabeça atingida pelo projétil. A militar estava desaparecida desde o dia 19 de setembro.
A localização foi feita por dois agricultores, enquanto vistoriavam a área para evitar a presença de pescadores nos açudes da propriedade. O forte odor chamou a atenção deles. Ao se depararem com o corpo, avisaram a Brigada Militar de Fontoura Xavier. Uma equipe foi até o local e suspeitou de que poderia ser a militar desaparecida. A Polícia Civil de Passo Fundo recebeu a informação por volta da meia-noite. Uma equipe seguiu imediatamente para o local e, a partir das roupas, e outros objetos, confirmou a suspeita.
Próximo ao corpo, os policiais encontraram o revólver calibre 38 da soldado, com um cartucho deflagrado. O celular estava no bolso do moleton e o cartão bancário na calça. Também foi encontrado o troco dos R$ 100 sacados por ela, na manhã do dia 19 de setembro, em uma agência bancária do Banrisul, da avenida Presidente Vargas. Ela usou o dinheiro para comprar duas carteiras de cigarro em um bazar, ao lado da agência, uma bebida na Estação Rodoviária, e a passagem, com destino a Porto Alegre.
O corpo de Luane estava caído distante aproximadamente quatro metros do açude. O local, de difícil acesso, é cercado por árvores e vegetação alta. Luane usava uma touca preta e o capuz do moleton. As equipes permaneceram no local, até por volta das 3h30.
A hipótese de que Luane teria embarcado no ônibus em Passo Fundo, com destino a Porto Alegre, no horário das 10h20, passou a ganhar força na terça-feira à tarde, depois que o motorista da empresa prestou depoimento e confirmou a ausência de um passageiro, logo após o almoço, em um restaurante de Vila Assis. Ao chegar na estação rodoviária de Porto Alegre, ele estranhou o fato de não ter sobrado bagagem. Luane havia saído de casa, com a roupa do corpo, a arma, o cartão bancário e o celular.
A distância entre o restaurante e o local em que estava o corpo é de aproximadamente 1,5 quilômetros. Segundo a delegada, ela não chegou a entrar no restaurante juntamente com os demais passageiros. O estabelecimento é equipado com sistema de câmeras apenas na parte interna. “Com base nas mensagens do celular enviadas ao ex-namorado, pelo fato de ela já ter tentado o suicídio anteriormente, e outras informações obtidas nas investigações, sempre consideramos o suicídio como a tese mais provável. O depoimento do motorista do ônibus reforçou ainda mais essa hipótese” declarou Daniela.
Corpo precisou ser levado para a Capital
Depois de uma angústia de 16 dias, a família da policial ainda precisou esperar mais um pouco para sepultar o corpo da PM. O velório e o enterro marcado para ontem à tarde, foram adiados devido à falta de estrutura em dois DMLs da região. Logo após o trabalho da perícia, em Fontoura Xavier, o corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal de Soledade, mas por problemas técnicos, precisou ser trazido para Passo Fundo. Um defeito no aparelho de raio-x, obrigou uma nova remoção até o Departamento Médico Legal de Porto Alegre. O rabecão com o cadáver saiu por volta das 14h30, em direção à Capital, e o retorno estava previsto para o início da madrugada de hoje. Um funcionário do DML informou que o equipamento está desativado há pelo menos um ano. “O exame de raio-x é necessário para identificar a possível presença de mais algum projétil no corpo, quando ele está em adiantado estado de decomposição” explicou.
"Estamos vivendo um inferno"
O pai de Luane, o sargento Paulo Lemes, declarou durante a tarde de quarta-feira (5), que a demora na liberação do corpo da policial no Departamento Médico Legal (DML), em Porto Alegre é mais um drama para a família. "Eles não estavam querendo trazer o corpo de volta a Passo Fundo, só liberariam para alguém da família. Conseguimos fazer com que este mesmo carro que trouxe o corpo dela até Passo Fundo, traga de volta. Tem sido muito desgastante para a família. Estamos vivendo no inferno. Como se já não bastasse a demora em localizá-la", disse.
A princípio, o irmão e o tio de Luane iriam à capital para realizar o procedimento de recebimento do corpo, porém, a viagem não foi mais necessária. "É triste, muito triste. Dá uma sensação de derrota", afirmou o pai da policial. O sargento também falou sobre como será a vida a partir de agora sem a presença da filha. "Nos sentimos desamparados sem ela. Era ela que acompanhava, tanto eu quanto a mãe dela, ao médico". Neste momento, o choro do sargento interrompeu a entrevista que foi encerrada.