Apreensões de caça níqueis cresceram 94%

Ações de combate às contravenções desencadeadas pela Polícia Civil autuaram mais de 100 pessoas em 2011

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O total de máquinas caça níqueis apreendidas este ano em Passo Fundo é quase o dobro do que foi apreendido em 2010. No total foram apreendidas 256 máquinas contra 132 em 2010. Foram instaurados este ano 112 inquéritos enquanto em 2010 foram 46, um aumento de 243%. No total, 63 pessoas foram indiciadas em 2010 enquanto este ano foram 166.

De acordo com o delegado Gilberto Mutti Dumke, titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, muito do aumento destes índices deve-se também ao fato de as pessoas estarem denunciando mais este tipo de contravenção. “Superamos os anos anteriores. Temos intensificado as ações a partir das denúncias. O volume de denúncias tem sido muito maior e este alto índice de apreensões decorre disto também. Acredito que isto é reflexo do trabalho que vem sendo desenvolvido, as pessoas denunciam e veem o retorno. Tudo que é denunciado é checado”, explicou.

O delegado também esclarece a questão de o jogo ilegal ser um dos braços do crime organizado e estar vinculado a crimes mais graves como tráfico de drogas e quadrilhas especializadas em roubos de veículos, por exemplo. “Isto não é uma regra. Até porque se tem associado muito a questão do caça níquel ou jogo do bicho com a venda de cigarros contrabandeados, por exemplo, quando isso ocorre em bares e estabelecimentos do gênero. Às vezes há vinculação com outro tipo de delito, mas não existe uma fórmula de se saber que todos tenham uma vinculação com este tipo de crime. Mas em alguns casos isto existe”, afirmou.

Em relação ao combate às máquinas caça níqueis, como não se trata de crime e sim contravenção, os acusados são submetidos a um termo circunstanciado e se comprometem a comparecer em juízo e não há pena restritiva de liberdade. Para o delegado, além da legislação branda, chegar até aqueles que seriam os responsáveis por abastecer o mercado. “Em muitos locais que exploram este tipo de jogo, paralela a esta atividade, como bares, sorveterias, as pessoas recebem vantagens por explorarem este jogo ali. Muitas vezes nem o proprietário do estabelecimento sabe quem é o proprietário das máquinas que são exploradas. As vantagens vão desde pagamento de contas como água e luz e porcentagem do que é arrecadado. Há os intermediários que vão ao estabelecimento periodicamente para fazer o recolhimento do dinheiro e a manutenção dos equipamentos. É do sistema utilizado por eles que os proprietários dos estabelecimentos não conheçam os donos das máquinas para que não sejam identificados por nós”, disse.

Táticas
Outro aspecto que chamou a atenção da polícia durante o ano de 2011 foi o fato de os contraventores utilizarem diversos mecanismos para colocarem as máquinas em funcionamento à espera dos jogadores. Uma das táticas utilizadas foi o uso de apartamentos em edifícios residências que funcionavam como verdadeiros cassinos. “Como a repressão é muito forte, os contraventores usam outros meios de dificultar a ação policial, desde horários de funcionamento, prédios residenciais. Em alguns casos, as máquinas iam migrando de um ponto para o outro dentro do mesmo local”, explicou.

O delegado também reiterou que, embora pequena, a possibilidade de alguma pessoa enquadrada por esta contravenção ir parar na cadeia, existe. “Isto é um problema dos crimes de menor potencial ofensivo. Na primeira vez em que a pessoa é autuada existe a possibilidade de transação penal e isso dificulta o recolhimento ao presídio. Mas a partir da reincidência, se torna mais fácil, embora exista uma série de alternativas à prisão. Mesmo com a apreensão dos equipamentos, o risco que estas pessoas correm é muito pequeno. E é um negócio rentável. Isto acaba incentivando a prática”, avaliou.

Desta forma, ainda segundo o delegado Dumke, em relação aos apostadores é possível estabelecer um paralelo entre os jogos de azar com o consumo de drogas, uma vez que também acabam trazendo transtornos e prejuízo financeiro aos familiares dos jogadores inveterados. “O jogo nas máquinas é manipulado, não depende da sorte. As máquinas estão programadas para que não exista ganhador. As pessoas que se envolvem com isso têm dificuldades em abandonar. Observamos muitas famílias preocupadas com isso e familiares de dependentes do jogo nos procuram também. Os apelos dos familiares são muito grandes. O jogo desestrutura as famílias desde o aspecto financeiro, da ausência em casa. As pessoas sempre ficam gratas quando fechamos algum ponto em que um familiar apostava”, explicou.

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