Com base nos depoimentos das vítimas, a 2ª Delegacia de Polícia vai investigar o suposto envolvimento de uma quarta pessoa no duplo homicídio, ocorrido sexta-feira, na Rua Porto Alegre, vila Vera Cruz, onde foram mortos a tiros e golpes de faca, Magno Luis Gasparin, 45 anos, e do filho dele, Matheus de Souza Gasparin, 23, além da tentativa de homicídio contra Marcus Chiarello, 35. Pelos relatos, um homem tripulando uma moto teria participado do crime. “No flagrante foi citado a presença de mais um envolvido, agora teremos de ouvir os depoimentos para confirmar a informação” afirma o chefe de investigação da 2ª DP, Sebastião Jungles.
Até o momento três pessoas estão detidas. Os irmãos, Valcir e Idocir Rodenko, de 19 e 23 anos respectivamente, foram presos em flagrante. O pai deles, Domilto Rodenko, 45, que estava com a prisão preventiva decretada, se apresentou sábado à noite na Delegacia de Pronto Atendimento. Como apresentava ferimentos no rosto, foi internado sob custódia no Hospital São Vicente de Paulo. Por questões de segurança, no domingo acabou sendo transferido para o Hospital da Cidade. Ontem à tarde, ele recebeu alta e já está recolhido no Presídio Regional de Passo Fundo.
De acordo com a polícia, o acusado já tem antecedente por um homicídio praticado em 1991, na cidade de São Valentim. O filho, Valcir, também responde por um homicídio praticado em março de 2008.
Entrevista – Marcus Chiarelo
“Senti que iria morrer”
Com uma bala alojada no lado direito do tórax, lesões nas costas e nos dedos da mão esquerda provocadas por pelo menos três facadas, Marcus Chiarello, 35 anos, permanece internado no Hospital São Vicente de Paulo, e seu estado é considerado estável. Ele é uma das três vítimas do crime ocorrido no final da tarde de sexta-feira, na rua Porto Alegre, vila Vera Cruz, onde foram mortos, o sócio dele, Magno Luis Gasparin, 45 anos, e o filho, Matheus de Souza Gasparin,23. No final da manhã de ontem, ele conversou com ON e contou um pouco sobre o drama vivenciado no caso que chocou os passo-fundeses no final de semana.
ON – A ocorrência iniciou com uma discussão no trânsito e acabou tendo um desfecho trágico. O que eles fizeram quando voltaram pela segunda vez?
Marcus Chiarello – Passaram olhando para dentro da oficina, depois deram um cavalinho de pau na esquina. Havia três ocupantes no carro e outro de moto. Tive um pressentimento que algo de ruim estava para acontecer. Falei para o Magno que iria embora, mas acabei ficando. De repente, o homem chegou na porta da oficina armado dizendo que iria matar quem havia batido no filho dele. Eu fui para a parte de cima da oficina, mas logo escutei a batida dos carros e os tiros na sequência.
ON- Ao ouvir os tiros o senhor correu para ajudar?
Marcus Chiarello – Sim, foi instintivo, mas quando cheguei na frente da oficina, Magno já estava caído. Mesmo assim, levou um tiro, e o filho dele, além do tiro, levou uma facada. Segurei um deles e afastei um pouco.Nesse momento, o pai deles apontou um revólver contra minha cabeça e puxou o gatilho, mas a arma falhou. Em seguida, senti uma ardência no peito e percebi que havia sido baleado. Outro homem se aproximou e me deu uma facada nas costas, então larguei o jovem. Quando me virei, vi que levaria uma facada na cabeça. Coloquei a mão na frente e segurei na lâmina, mas ele puxou e cortou meus dedos.
ON – E depois de ferido o que fez?
Marcus Chiarello – Vi que estava muito ferido. Senti que iria morrer. Tentei entrar sozinho no meu carro e ir para o hospital, mas recebi ajuda. Outra pessoa assumiu o volante, mas não conhecia os comandos do veículo. Viemos na contramão da Teixeira Soares. Eu ajudava a buzinar e a sinalizar. Quase batemos o carro. Mesmo sangrando muito, eu tentava colocar as mãos para fora para pedir passagem. Já estava na emergência do Hospital São Vicente de Paulo quando o Magno e o Matheus chegaram. Fiquei o tempo todo consciente. Estavam todos em volta deles, de repente se afastaram, então percebi o que havia acontecido.