Farmacêutico fica três horas em poder de assaltantes

Dupla manteve vítima amarrada dentro do porta-malas enquanto vendia equipamentos de som do carro

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Um farmacêutico, de 29 anos, viveu uma madrugada de terror, ao ter o caminho até a casa de um amigo, interceptado por dois assaltantes. Antes de ser libertado no interior de um matagal, próximo à pedreira da Vila Jardim, ele ficou por cerca de três horas, preso no porta-malas de seu Peugeot, rodando pela cidade. Um dos envolvidos no roubo foi preso em flagrante pela Brigada Militar. O outro envolvido não havia sido localizado.

O drama do rapaz teve início por volta da meia-noite. Ao parar no cruzamento da rua Alferes Rodrigues, bairro Operária, a dupla se aproximou e rendeu a vítima com uma faca. Eles embarcaram no carro e mandaram o motorista sair do local. Após, utilizando os fios do aparelho de som, amarraram o farmacêutico e o trancaram no porta-malas. Os assaltantes rodaram por pelo menos três horas. Por várias vezes, pararam em diferentes locais, provavelmente pontos de droga, para vender o equipamento de som.  Durante o trajeto, a vítima recebeu vários socos, no rosto e na cabeça, além de ameaças de morte. A dupla deixou o rapaz amarrado no interior de um matagal, próximo à pedreira da Vila Jardim. Sob intensa chuva e descalço, ele caminhou por quase dois quilômetros, até pedir ajuda em uma fábrica às margens da RS 324.

A Brigada Militar já realizava buscas, quando os policiais receberam informação de que um carro havia caído na rampa utilizada para a troca de óleo, em um posto de combustíveis, às margens da BR 285, e que os dois ocupantes fugiram a pé do local. Momentos depois, Ângelo Hadler Tecchio, 25 anos, foi flagrado correndo próximo à estrada de acesso a São Miguel. Conduzido ao plantão, ele confirmou envolvimento no assalto e disse ser o motorista do veículo no momento do acidente no posto. Ele  foi autuado em flagrante por roubo.

‘Passei uma madruga de terror’


Enquanto aguardava o registro do flagrante na Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil, acompanhado dos pais, que vieram imediatamente de Tapera, assim que souberam do fato, a vítima, que pediu para não ser identificada,  relatou ao ON, os momentos de pavor vividos em poder dos assaltantes.

ON - Eles usaram uma faca na abordagem, e embarcam rapidamente no carro?

Vítima – Sim, pensei ser um revólver, mas era uma faca. Foi muito rápido. Um deles colocou a mão pela janela. Disse para eu fazer apenas o que ele mandasse,  que nada iria acontecer.  Embarcaram e mandaram eu seguir para outro lugar. Enquanto eu dirigia, o homem  que estava no banco traseiro me deu uma gravata e me cutucava com a faca.

ON – E o que aconteceu depois?

Vítima – Fui amarrado com os fios do equipamento de som e trancado no porta-malas. Eles rodaram por mais de três horas. Pararam várias vezes para vender o rádio, o módulo e os alto-falantes do carro. Eu ouvia as pessoas conversando. Quando levantava a cabeça, recebia socos.

ON – Além das agressões físicas, também foi ameaçado de morte?

Vítima – Várias vezes. Um deles dizia que iria me matar e jogar meu corpo na pedreira porque ninguém encontraria. Pensei que iria morrer. Depois fui levado até a pedreira, nem sei onde fica. Eles me  amarraram em uma árvore  e fugiram, mas consegui escapar. Chovia muito. Como levaram meus tênis, caminhei descalço, até pedir ajuda em uma fábrica de colchões. Foi uma noite de terror.

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