Um conflito entre familiares, segunda-feira, por volta das 21h, elevou para 12 o número de homicídios registrados este ano em Passo Fundo. Armado com um canivete, Alberi Claro de Ramos, 44 anos, investiu contra o filho, de 19 anos, e acabou sendo morto com golpes de faca, pelo filho mais velho, de 21. Ramos caiu no piso da cozinha, diante de outros seis filhos, com idade entre três e sete anos. O desfecho pôs fim ao longo histórico de agressões e ameaças praticadas por ele, contra os próprios familiares.
A esposa, Marta Regina da Silva Correa de Ramos, 43 anos, contou que ela e o filho, residente nos fundos do mesmo terreno, chegaram por volta das 20h e que o marido já estava com o canivete na mão, apresentando sinais de embriaguez. Em seguida, passou a fazer provocações e ameaças aos dois. Como de costume, impediu que o rapaz tomasse banho na casa. “Meu filho foi para fora, mas o pai foi atrás, dizendo que “hoje vai ter”. O menino não queria confusão, falou várias vezes para ele se acalmar” lembra emocionada.
Durante a discussão, Ramos investiu contra o rapaz e o atingiu com um golpe de canivete na altura da testa. No momento do conflito, o outro filho do casal chegou à residência e se deparou com o irmão sangrando e sendo atacado pelo pai. “Ele não ouvia ninguém, estava cego de tanta raiva. Dizia que mataria o filho ou seria morto por ele” conta a esposa. Para defender o irmão, o jovem, armado com uma faca, interferiu e acabou matando o pai. Os dois jovens tiveram ferimentos.
A Brigada Militar havia sido acionada para atender uma ocorrência de Maria da Penha, na casa da família, localizada na quadra B, nº 66, Núcleo Ferroviário, no bairro Petrópolis. Quando os policiais chegaram ao local, Ramos já estava sem vida. Responsável pelas investigações, o titular da 2ª DP, delegado Cláudio Trindade Belcamino, disse que o autor deve se apresentar nos próximos dias. “Pelas versões das vítimas, ele agiu em legítima defesa, vamos aguardar o depoimento dele” disse o policial.
Entrevista – Marta Regina da Silva Correa de Ramos
“Perdi as contas de quantas vezes fui agredida por ele”
Durante os 27 anos de casamento, o casal teve nove filhos. Nessas quase três décadas, Marta revelou ter perdido a conta das vezes em que foi agredida ou em que teve a casa destruída pelo marido. A ficha policial de Ramos, o qual prestava serviços gerais para a Prefeitura Municipal, confirma a índole violenta. São sete ocorrências registradas contra ele, cinco de ameaças, uma de lesão corporal e uma de vias de fato. Confira entrevista abaixo.
ON – A senhora já havia procurado a polícia em outras oportunidades para denunciar as agressões.
Marta – Sim, várias vezes. Ele era muito violento. Meus filhos mais velhos cresceram me vendo ser agredida. Quando bebia, ele não se controlava, quebrava tudo.
ON – Como era a relação dele com os dois filhos envolvidos no conflito de segunda-feira?
Marta – Ele simplesmente ignorava os dois. Um já havia saído de casa. Esse que mora nos fundos do meu terreno, ele não deixava nem tomar banho na nossa casa. Eu tinha que dar comida escondido para ele. São dois rapazes trabalhadores, nunca tiveram envolvimento com a polícia.
