Um misto de revolta e espanto define o sentimento de alguns moradores do bairro onde mora João Rodrigues da Silva, o Véio da Gaiota, 67 anos, preso quinta-feira à tarde, suspeito de estupro contra 12 meninos, com idade entre seis e 11 anos. Os fatos divulgados logo após a prisão mostraram uma imagem diferente do homem definido por muitos como pacato, de pouca conversa e muita disposição para percorrer as ruas da cidade catando material reciclável com uma gaiota.
“Conheço ele há muitos anos. Sempre passa aqui em frente de casa, recolhendo material, mas ele nunca foi de muita conversa. Também nunca ouvi nenhum comentário sobre o que está sendo acusado” diz um morador do bairro, que pede para não ser identificado. Na mesma linha, uma mulher que reside há 25 anos no local, também revelou ter ficado surpresa com a prisão do suspeito. “Realmente estou muito triste com o que aconteceu. Via sempre ele trabalhando com a gaiota para cima e para baixo. Não estou acusando nem defendendo ele, apenas relatando o que eu via. Aqui na rua tem crianças, mas todas são bem cuidadas, nunca houve nada com elas” disse bastante emocionada.
Outra moradora confirma a existência de rumores no bairro sobre os atos do suspeito. Segundo ela, o catador atraia menores de regiões um pouco mais distante e menos favorecidas do bairro. “Para não chamar a atenção dos vizinhos, as crianças tinham acesso pelo interior de um mato até os fundos da residência dele. Cansei de ver até três menores caminhando agachados em direção à casa, mas não sabia ao certo o que faziam lá. As pessoas não falam porque não querem ser incomodadas. Tenho meu filho e meu neto e nunca tiro o olho deles. Foi uma coisa muito triste. Espero que seja feita justiça” revelou.
Segundo o titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Mário Pezzi, responsável pelo caso, o catador chegou a construir uma ponte sobre a sanga existente nos fundos da casa dele para facilitar o acesso.
Suspeito nega acusações
Durante depoimento prestado ainda na quinta-feira, à polícia, logo após a prisão, João Rodrigues da Silva negou todas as acusações de abuso e por várias vezes repetiu ‘que não era ladrão’. Quanto ao material apreendido em sua casa, roupas íntimas de meninos e meninas, além de caderno com anotações e nomes de menores, revelou ter encontrado tudo nas ruas da cidade. Por medida de segurança, Silva precisou ser transferido ainda na quinta-feira à noite para uma penitenciária na região de Lajeado.