Mapa da Violência inclui Passo Fundo

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Publicado desde 1998, o Mapa da Violência é um estudo da Faculdade de Estudos Latino Americanos (Flacso) e o Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos (Cebela), e aponta os índices da violência homicida no Brasil desde 1980. A edição 2012, divulgada na última quarta-feira (18), traz um estudo a respeito da escalada da violência no Brasil durante os últimos 30 anos. Os dados apresentados pelo estudo ainda são referentes ao ano de 2010. Outro ponto abordado pelo relatório é a migração da violência, anteriormente concentrada em sua maioria nas capitais e regiões metropolitanas, para as cidades do interior. Um levantamento envolvendo 84 países divulgado juntamente com o estudo, aponta o Brasil na 7ª posição em homicídios, à frente do Iraque, uma das regiões mais instáveis do planeta.

O estudo traz também estatísticas em relação às mortes no trânsito e homicídios praticados contra mulheres, porém nestas situações, Passo Fundo não figura entre as 100 primeiras colocadas.

 

Homicídios

De acordo com o estudo, no ano de 2010, Passo Fundo registrou uma taxa de homicídios de 37,9 pessoas para cada 100 mil habitantes. É quase o triplo da média das cidades do interior do Rio Grande do Sul. O índice de homicídios foi o único que sofreu aumento no Estado na última década. De janeiro a junho deste ano, o índice foi de 9,19 homicídios para cada 100 mil habitantes, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública.

O alto índice de assassinatos fez com que o município fosse contemplado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado com uma força tarefa de combate aos homicídios, instituída nos 11 municípios com maior incidência e que correspondem a mais da metade dos crimes de morte violenta ocorridos no Estado. Passo Fundo ocupa o 66° lugar no ranking nacional de mortes violentas na faixa etária de 0 a 19 anos em municípios com população jovem acima de 20 mil pessoas.  Em relação aos suicídios, Passo Fundo ocupa um preocupante 6° lugar no ranking obedecendo aos mesmos critérios.

Este ano, até o momento, foram 22 homicídios registrados em Passo Fundo. Segundo a delegada Daniela de Oliveira Mineto, titular da 1ª Delegacia de Polícia e coordenadora da força tarefa de combate aos homicídios, os motivos que levam aos crimes são diversos. “Não temos uma motivação definida de homicídios que seja predominante. Em Passo Fundo, os motivos são os mais variados, temos crimes passionais, ligados ao tráfico e uso de drogas, uso de álcool e até brigas de trânsito que não deixam de ser crimes passionais. Não existe um fator específico para a morte dos jovens”, afirmou.

A delegada também ressalta que o índice de adolescentes e adultos jovens cometendo delitos também contribui para a presença de Passo Fundo no ranking do Mapa da Violência. “Na verdade isto não é uma estatística exclusiva de Passo Fundo. O jovem, entre a adolescência e a idade adulta, especialmente do sexo masculino é quem mais se envolve em delitos de todas as naturezas e quanto aos homicídios não seria diferente, tanto praticando quanto sendo vítima, inclusive mortes no trânsito em que os adultos jovens têm sido vítimas”, disse.

 

Violência sexual contra menores

Passo Fundo ocupa a 59ª posição no ranking do Mapa da Violência em relação aos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em municípios com a população jovem acima de 20 mil pessoas sendo que, através dos métodos utilizados pelo estudo fica, inclusive, à frente de capitais estaduais, como Recife, por exemplo. Nesta compilação de dados, os números são referentes ao ano de 2011, quando em Passo Fundo foram registrados 23 casos de abuso sexual e um homem foi preso pela Polícia Federal por pornografia infantil.

De acordo com o delegado titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Mário Pezzi, somente em 2012 ocorreram 16 casos de estupro de vulnerável intrafamiliar envolvendo crianças, quando o agressor é o pai ou o padrasto da vítima. “Acontecem mais casos com pessoas de fora do círculo familiar, mas este índice nos preocupa e por acontecer com crianças e dentro da família nos preocupa mais ainda”, explicou.

Também segundo o delegado, o número de registros deste tipo de delito tem crescido em parte devido ao aumento das denúncias que chegam à delegacia. “As pessoas estão mais encorajadas a denunciar e as professoras nas escolas estão atentas a este tipo de ocorrência e também têm denunciado, são nossas aliadas no combate a estes crimes. Não sabemos se é o número de casos que está aumentando ou o de denúncias”, disse.

Ainda conforme Pezzi, a DPCA trabalha com uma base de dados dos agressores sexuais de crianças e adolescentes. “Temos um controle, temos um álbum dos agressores sexuais e procuramos tanto prevenir com a nossa atuação, quanto a repressão, prender estes agressores”, afirmou.

Em todos os casos em que há a denúncia de abuso sexual contra crianças ou adolescentes, os inquéritos são finalizados rapidamente com um prazo médio de 30 dias. “Quando se trata de crianças, principalmente, terminamos o inquérito em 30 dias no máximo. Encaminhamos a criança para atendimento psicológico e exame médico legal e via de regra, representamos pela prisão preventiva do autor. Existem casos em que as mães são coniventes e também acabam sendo indiciadas. No meu ponto de vista, cadeia é pouco para estas pessoas”, finalizou.

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