Semana Nacional do Trânsito

Combater o excesso de velocidade na preservação da vida

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Gerson Urguim/ON

A Semana Nacional do Trânsito, uma ação da Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito tem este ano o tema “Não exceda a velocidade. Preserve a vida”. De fato, o excesso de velocidade nas ruas e rodovias de Passo Fundo e região tem sido uma das, se não a principal, causa dos acidentes com vítimas.

Em mais uma tentativa de conscientizar os condutores, o Detran/RS realizará diversas atividades em todo o Estado. Em Passo Fundo, as atividades ocorrerão nos dias 21 e 22 de setembro, com palestras e uma blitz na Avenida Sete de Setembro. Também haverá nos locais onde já foram pintadas borboletas do Programa Vida Urgente, as quais simbolizam vidas que se perderam, a repintura das borboletas para lembrar das vítimas e assim conscientizar a importância de se ter cuidados no trânsito.

Ao mesmo tempo, ocorrerá nas rodovias da região a Operação Viagem Segura Farroupilha, durante o feriadão. No Estado, a operação contará com mais de mil agentes da Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, agentes municipais de trânsito, Polícia Civil e outros órgãos de trânsito. A previsão, ao menos para as rodovias federais da região, como o feriado é apenas no Estado, não existe estimativa de grande aumento no fluxo de veículos.

Município tem mais de trinta inquéritos por homicídios de trânsito instaurados

Além de conter uma das mais altas frotas de veículos per capita do interior do Estado, Passo Fundo é um dos municípios do Estado com os maiores índices de acidentes com vítimas. Somente este ano, a Delegacia de Delitos de Trânsito já instaurou 34 inquéritos por homicídios culposos de trânsito. De acordo com a delegada titular, Rafaela Bier, a imprudência, aliada ao consumo de bebida alcoolica ainda são as principais causas dos acidentes que resultam em vítimas fatais. “No que se refere especificamente ao excesso de velocidade, acho que é sim uma questão cultural, haja vista que cada vez mais são fabricados veículos extremamente potentes e, via de regra, quanto maior a potência do veículo, maior a velocidade empregada pelo condutor e, consequentemente, maior o dano e o risco de morte em caso de acidentes”, avaliou.

Ainda segundo a delegada, a legislação branda ajuda a disseminar a sensação de impunidade dos crimes de trânsito. “Nesse contexto, uma mudança legislativa é fundamental, pois o Código de Trânsito Brasileiro possui penas muito brandas, principalmente no que se refere ao crime de homicídio culposo na condução de veículo automotor e de embriaguez ao volante. Hoje, tais crimes permitem o pagamento de fiança quando da prisão em flagrante delito. Ademais, as penas nos casos de condenação nesses crimes, via de regra, são restritivas de direito, ou seja, prestação pecuniária, prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, etc. Afora os casos em que é possível a suspensão condicional da pena ou até mesmo a suspensão condicional do processo. Tudo isso com certeza induz à sensação de impunidade, o que contribui para a continuidade desses delitos”, disse.

Velocidade também é problema nas rodovias

Já nas rodovias, o excesso de velocidade, juntamente com as ultrapassagens em locais proibidos, são os principais causadores de acidentes. Conforme o inspetor Vilésio Cerbaro, da 8ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, há um trabalho de conscientização realizado pelos policiais federais nas rodovias que já conseguiu reduzir bastante o número de autuações por embriaguez. “Com a nova legislação, a ocorrência de autuações por embriaguez diminuiu bastante, o que é um sinal de conscientização. Continuamos atuando intensamente nesta fiscalização. Infelizmente, nas cidades as pessoas ainda conservam este hábito de beber e não estão habituadas a não dirigir se ingerirem bebida alcoolica. Não é uma questão de quanto a pessoa pode beber. Bebeu, não dirija”, afirmou.

O inspetor também alerta para questão da velocidade aliada às condições climáticas, que também podem gerar acidentes, especialmente com a pista molhada. “As pessoas não estão habituadas a dirigir com chuva. Quando começa a chover, os condutores tendem a não reduzir a velocidade, facilitando um processo de aquaplanagem ou de deslize dos pneus. Especialmente após um longo período sem chuvas, logo que começam as precipitações, o índice de acidentes aumenta bastante”, declarou.

Vítimas dos acidentes são lembradas no município

No sábado (22), o Programa Vida Urgente, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, realizará uma ação de repintura das borboletas desenhadas no asfalto onde pessoas perderam a vida em acidentes. Em Passo Fundo, as ações ocorrerão nas ruas São Sebastião, no bairro Vera Cruz, onde uma menina foi atropelada, no cruzamento da Avenida Brasil com a Rua Ângelo Preto, onde duas pessoas morreram em um acidente com uma viatura da Brigada Militar e também no cruzamento da Rua Independência com a Rua Capitão Eleutério, onde um empresário de 81 anos foi atropelado e morreu em 20 de fevereiro de 2010.

Apesar de, de certa forma, os desenhos representarem uma homenagem às vítimas, há quem discorde da atitude. Para um morador da Rua São Sebastião no bairro Vera Cruz que testemunhou o atropelamento e morte da menina Jéssica, a pintura das borboletas é uma forma de recordar aos familiares o sofrimento da perda do ente querido. “Eu vejo a mãe desta menina passando por aqui todos os dias. É uma tortura para ela ter de ver o desenho que simboliza o local em que a filha morreu. Para o motorista que causou o acidente, que também morava próximo daqui também. Ele tem a consciência que matou uma pessoa. Sou contra pintarem novamente a borboleta”, disse ele que prefere não se identificar.

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