Dois dias após divulgação da notícia de que o Estado perdeu a verba de R$ 8 milhões, destinada pela União, para a construção da nova Penitenciária em Passo Fundo, uma operação desencadeada na manhã de quinta-feira, pela Susepe, com apoio da Brigada Militar, no Presídio Regional, expôs ainda mais os problemas provocados pela superlotação, condições precárias do prédio, e a necessidade de uma nova casa prisional no município.
Denominada de pente fino, a operação começou ainda na madrugada, por volta das 4h30, com a participação de 30 agentes e 60 policiais militares, do Batalhão de Operações Especais (BOE), e do 3º regimento. Primeiro, as equipes revistaram individualmente os 562 detentos do regime fechado. Em seguida, eles foram levados para o pátio. Os servidores vasculharam todas as celas das galerias A e B, além do alojamento.
Foram encontrados 95 aparelhos celulares, dos mais diferentes modelos, dezenas de carregadores e baterias dos telefones; cerca de 45 armas artesanais, a maioria confeccionada com barras de ferro; 307 gramas de crack, distribuídos em pedras de diversos tamanhos; 850 gramas de maconha, uma parte em pequenos tijolos e outra embalada em buchinhas prontas para serem comercializadas. Além de 6,7 gramas de cocaína, e vários cachimbos adaptados.
Parte dos celulares estava escondida na rede de esgoto das celas, dentro dos colchões, ou em buracos abertos no teto e nas paredes. Alguns envoltos em preservativos. Em uma das celas, os agentes encontraram uma grande quantidade de peças de reposição e assistência técnica para os aparelhos celulares. Enquanto as galerias eram revistadas, um forte esquema de segurança vigiava a movimentação no lado externo, inclusive, com o fechamento de ruas nas imediações.
Segundo o delegado da 4ª Delegacia Penitenciaria Regional, com sede em Passo Fundo, José Marlei Frighetto, não houve nenhum incidente durante o trabalho, que terminou por volta das 10h30min. Frighetto disse ainda que a operação foi rotineira, e que já vinha sendo planejada pela Susepe. “Realizamos revistas diariamente nas celas, mas com a aproximação do final do ano, o clima costuma ficar mais tenso em todos os presídios. Em razão disso, decidimos fazer um pente fino com o único objetivo de garantir a segurança na casa” declarou.
Sem surpresa
O delegado revelou não ter ficado surpreso com a quantidade de objetos e de drogas apreendidos. Para ele, o número se equivale ao de operações anteriores. Questionado sobre a fragilidade do sistema de segurança do presídio, que deveria conter a entrada desses objetos, ele respondeu que os arremessos sobre o muro continuam sendo a principal estratégia usada pelos detentos. “Temos detector de metais na entrada do presídio, as pessoas são revistadas. Infelizmente os arremessos ocorrem quase que diariamente. Conseguimos interceptar uma parte, mas outra acaba chegando até os presos” justificou. Já as armas artesanais, segundo ele, são produzidas a partir de barras de ferros retiradas das janelas das celas.
Apesar da quantidade de material encontrado, nenhum preso chegou a ser identificado como proprietário de algum dos objetos. As apreensões foram encaminhadas para a Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil, para o registro da ocorrência.
Presídio Regional passa por pente fino
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