O terceiro homicídio do ano de 2013 em Passo Fundo aconteceu na madrugada de segunda-feira (21) em um posto de combustíveis às margens da ERS-324 no bairro Parque do Sol. O crime aconteceu por volta da 0h45 quando dois homens armados chegaram ao local em uma caminhonete S-10 de cor verde e renderam os funcionários.
Os assaltantes estavam armados com um revólver e com uma espingarda calibre 12. Um dos criminosos atirou na direção da loja de conveniência do posto onde estava o frentista José Pedro Oraides Borges, de 40 anos, que foi atingido na cabeça e morreu na hora.
Após matarem o frentista os criminosos fugiram sem roubar nada em direção ao bairro Cidade Nova, onde uma guarnição da Brigada Militar realizava patrulhamento. Os policiais iniciaram a perseguição aos bandidos que abandonaram a caminhonete e fugiram em direção a um mato. Junto à caminhonete um dos bandidos deixou um revólver calibre 38, que foi apreendido.
A Equipe Volante da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento e peritos do IGP também estiveram no local do crime. No posto foram apreendidos cartuchos calibre 12. A caminhonete foi apreendida e apresentada na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. Borges era pai de três filhos e será enterrado na manhã de terça-feira (22), no Cemitério Jardim da Colina.
O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia, que já tem suspeitos e agora trabalha na captura dos acusados.
Sindicato aponta para falta de segurança
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo do Rio Grande Do Sul (Sitramico-RS), Ângelo Martins, há muito tempo os trabalhadores dos postos de combustíveis vêm sendo alvo de violência por parte dos criminosos. “Nós já estamos denunciado há bastante tempo sobre a violência nos postos de combustíveis. A natureza destes estabelecimentos, em que não é possível a instalação de grades, detectores de metais ou portas giratórias facilita a atuação dos bandidos”, afirmou.
O presidente do Sitramico-RS também aponta para o fato de os órgãos de segurança terem banalizado o assalto a postos de combustíveis. “Não é mais novidade, não dá mais notícia. Infelizmente as nossas autoridades deixam que os assaltos ocorram até acontecer uma tragédia como esta em Passo Fundo”.
Atualmente o modelo dos postos de combustíveis que concentram, muitas vezes, além do serviço de abastecimento de veículos, lojas de conveniência, restaurantes e outros tipos de estabelecimentos comerciais chama a atenção dos bandidos por oferecerem mais de uma fonte de dinheiro fácil. “Até cerca de 20 anos atrás os postos vendiam penas gasolina, álcool, querosene. Infelizmente o posto de combustíveis se tornou o caixa rápido da bandidagem. Eu faço um desafio à polícia de todo o Estado. Qual foi o último assaltante de postos que foi preso? Não há. Mas em compensação, quando assaltaram uma loja em um shopping, prenderam rapidinho. Queremos trabalhar com segurança e quem tem de nos dar segurança é o Estado. Mas acredito que os donos dos postos e as empresas distribuidoras deveriam também dar atenção para esta questão. Nós, trabalhadores, prestamos serviços para algumas das maiores empresas do mundo e eles não estão nem aí para os assaltos”, desabafou Martins.
Brigada Militar
O comandante do 3° RPMon da Brigada Militar, tenente coronel Fernando Carlos Bicca recomenda que, em caso de assaltos, as vítimas não reajam, embora este não tenha sido o caso do frentista. “Qualquer movimentação brusca pode ser identificada como uma reação. Em geral é assim que ocorrem as mortes nestes casos”, explicou.
Quanto ao número de assaltos a postos de combustíveis, pelo menos cinco foram registrados desde o início do ano. Para o comandante do 3° RPMon, o aumento de roubos a estabelecimentos comerciais pode ser uma consequência da mudança de postura da população frente ao crime. “O roubo, de uma forma geral, diminuiu em Passo Fundo em diversos setores. Caíram os índices de roubo a motoristas, de veículos, de residências, tudo em função de uma mudança de comportamento das pessoas e esta mudança também deveria ser adotada pelos estabelecimentos comerciais. Esta vulnerabilidade é o que os clientes dos bandidos”, avaliou. Em 2011 foram registrados 14 assaltos a postos de combustíveis contra 20 em 2012.