Policiais questionandos a própria polícia. Esse foi o cenário que se desenhou logo após a morte do soldado Alexandre Santos Bueno, 31 anos, atingido por oito tiros disparados por um policial do 3º Batalhão de Operações Especiais (BOE), de Passo Fundo, durante abordagem na quarta-feira à tarde. Inconformados com a morte do colega, eles querem saber porque a guarnição deixou de adotar procedimentos considerados padrões. Eis abaixo alguns deles:
Por que a guarnição do 3º Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar não comunicou a Sala de Operações do 3º RPMon, que estava realizando uma perseguição?
Por que o número da placa do Corolla preto, perseguido pela guarnição, não foi informado?
Por que a guarnição do BOE, envolvida na ocorrência, somente entrou em contato com a Sala de Operações após o policial ter sido atingido, via telefone, e não pelo rádio, conforme procedimento normal?
Se o policial realmente vinha sendo investigado por envolvimento em assalto a banco (conforme informação revelada pelo comandante do 3º RPMon) como ainda estava trabalhando normalmente nas ruas, colocando em risco a segurança dos demais colegas e da própria sociedade?
Havia necessidade de efetuar oito disparos, sendo que Bueno, mesmo estando armado e não obedecendo a ordem de largar arma, não efetuou nenhum disparo?
Por que a cena do fato não foi preservada para a realização da perícia?
“As investigações precisam responder estas questões” disse um colega durante velório na capela mortuária do bairro São Luiz Gonzaga. Muito emocionada, outra militar complementou. “Confiava minha vida de olhos fechados nele. Trabalhamos juntos por um período e nunca tive um problema qualquer. Perdi um bom amigo e um ótimo policial” desabafou. Bueno deixou a esposa e duas filhas.