Série de assaltos em joalherias continua

Lojistas questionam o policiamento ostensivo na área central e a Brigada Militar afirma que não é possível aumentar o efetivo

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Em menos de uma semana foram registrados em Passo Fundo pelo menos quatro assaltos a joalherias na área central da cidade. O último aconteceu na segunda-feira (9), na Avenida Brasil quando um homem usando capacete e armado com um revólver rendeu os funcionários e roubou jóias e relógios que estavam na vitrine. Após o assalto o criminoso fugiu de carona em uma motocicleta de cor cinza em direção ao bairro Boqueirão.

A onda de assaltos a joalherias é uma modalidade recente de delito instaurada na cidade. Os criminosos aproveitam-se do fato de as mercadorias terem grande valor de mercado e pouco volume, o que facilita o transporte do material roubado. De acordo com o empresário e diretor do Conselho Consultivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Valter Ceolin, vítima do assalto na segunda-feira, a situação está ficando insustentável para os lojistas. “Os assaltos estão cada vez mais frequentes e a solução para isso parece estar longe. Estamos pensando em nos reunirmos com a Brigada Militar para tratar do assunto”, afirmou.

Ainda conforme o empresário, a Bike Patrulha, que foi criada para realizar o policiamento na área central da cidade teve o efetivo deslocado para outras regiões da cidade, facilitando a aço dos criminosos. “A Bike Patrulha funciona, mas tem que estar no Centro. É uma região que converge milhares de pessoas por dia e também acredito que a Bike Patrulha tenha de ser ampliada. Não sei para quem reclamar, mas o Estado tem de nos dar segurança”, disse.

Também segundo Ceolin o fato de a Brigada Militar efetuar diversas prisões não se reflete na sensação de insegurança dos lojistas e da sociedade em geral. “A Brigada Militar vem com as estatísticas, mas não há soluções. Estas prisões são de pessoas que cometeram os crimes há três, quatro meses. O que a sociedade quer é resultado imediato, estas prisões não acontecem por eficiência e isto não conta. Precisamos de uma ação mais efetiva, e depois querem que a funcionária vá até a delegacia para reconhecer o assaltante. Amanhã ela vai estar na loja trabalhando e o assaltante vai estar solto. A partir do momento em que a loja é aberta até fechar é um estresse muito grande. O que aconteceu comigo na segunda-feira vai acontecer com outro em breve se nenhuma providência for tomada, mas sabemos que o Estado está sempre dando desculpas para não resolver as questões. Mas os impostos dos comerciantes e da população estão pagos. Está na hora de parar com as desculpas”, desabafou.

“Não faltam policiais, sobram bandidos”

Para o comandante do 3º RPMOn da Brigada Militar, tenente coronel Fernando Carlos Bicca, rebateu as críticas ao policiamento. Segundo ele, não é possível colocar um policial em frente a cada joalheria da cidade. “Esta situação também nos preocupa e estamos tentando aproximar mais o pessoal do policiamento no Centro das joalherias. As pessoas nos dizem que faltam policiais. Não faltam policiais, sobram bandidos”, afirmou.

O comandante também observou que as prisões efetuadas pela Brigada Militar acabam não gerando um resultado prático de redução da criminalidade porque, apesar das prisões, os criminosos logo voltam às ruas. “A maioria dessas pessoas que estão sendo presas estão sendo presas pela terceira, quarta, quinta vez. Não é falta de polícia, o que falta é que estas pessoas continuem presas”, disse.

A área central é dotada de câmeras que são monitoradas pela Brigada Militar e, de acordo com o comandante do 3° RPMon, todas estão em pleno funcionamento e têm auxiliado no policiamento da área central. “As câmeras estão funcionando. É óbvio que não há a possibilidade de ver tudo o que acontece já que a câmera opera em 360 graus. Quando há alguma ação delitiva sendo cometida a nossa reação é rápida”, informou.

Em relação à Bike Patrulha, o comandante do 3º RPMon adiantou que no momento não há a necessidade de ampliar o efetivo da guarnição. “O pessoal da CDL tem de entender que o policiamento é de toda a cidade. Nós fizemos um esforço muito grande para não mexer na área central e o efetivo da Bike Patrulha foi mantido. Nós não temos condições de ampliar sem que haja uma ampliação do efetivo total do regimento. Nós não temos uma fábrica de policiais que fabriquem mais a cada dia para lançar no policiamento. Normalmente quando as pessoas falam a respeito dos seus próprios problemas elas costumam dizer que dez policiais resolveriam o problema. É claro que sim, mas no momento não temos de onde tirar esses dez policiais. Temos de trabalhar com os recursos, não podemos aumentar o policiamento no Centro em detrimento dos outros locais”, explicou.  

Gostou? Compartilhe