Comoção em Três Passos

Pai, madrasta e amiga do casal são acusados do assassinato do menino de 11 anos

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Bernardo foi encontrado morto na segunda-feira à noiteBernardo foi encontrado morto na segunda-feira à noite
Bernardo foi encontrado morto na segunda-feira à noite
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Moradores de Três Passos lotaram o ginásio esportivo do colégio Ipiranga ontem, na despedida do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. Sumido desde o dia 4 de abril, o corpo do garoto foi encontrado segunda-feira à noite, dentro de um saco plástico enterrado em uma propriedade rural, na divisa entre as cidades de Frederico Wesphalen e Cristal do Sul. O pai, a madrasta e uma amiga do casal são apontados pela polícia como os principais suspeitos. Os três tiveram a prisão temporária decretada e estão recolhidos em presídios da região. Após o velório, o corpo da criança seria levado para Santa Maria e sepultado, junto com a mãe, que cometeu suicídio em 2010.

Em entrevista na manhã de ontem, a delegada Caroline Virgínia Bamberg Machado, relatou como a polícia conseguiu desvendar o crime que chocou o Rio Grande do Sul. O fio da meada partiu de imagens registradas por um sistema de monitoramento onde a madrasta do menino e a amiga dela, são vistas juntas no dia do crime, na cidade de Frederico Westphalen. Outra dado que reforça a tese, foi uma multa recebida pela madrasta por viajar em alta velocidade em direção a Tenente Portela. O menino estava junto no veículo. A polícia aguarda o resultado do exame de necropsia para saber a causa da morte. A principal suspeita é de que Bernardo tenha sido assassinado com uma injeção letal. O local em que estava o corpo, às margens do rio Mico, na Linha São Francisco, foi indicado pela amiga do casal. A polícia ainda investiga as motivações do assassinato, mas confirma o envolvimento do pai do menino, o médico Leandro Boldrini, 38 anos, da madrasta, a enfermeira, Graciele Ugulini,32, e da amiga deles. Para a polícia, Bernardo teria sido morto no mesmo dia em que desapareceu.

Desprezado pela família

Professores, colegas de escolas e amigos, conheciam a situação de desprezo enfrentada por Bernardo em casa, desde a morte da mãe em 2010. Filho de um médico cirurgião, o garoto dependia da solidariedade dos amigos, até mesmo para comprar um lanche na escola, onde cursava o 6º ano, no turno da manhã. “Uma vez ele disse que na geladeira da casa dele não havia comida porque o pai e a madrasta não queriam engordar. No entanto, almoçavam todos os dias em restaurantes e nunca o levavam” conta uma professora que pediu para não se identificar. Os relatos se sucedem. “Um dia ele chegou lá em casa, no final da tarde, e ficou até por volta das 22h30min. Nessa época tinha nove anos. Fiquei preocupada e pedi para meu marido o levar em casa. Chegaram lá não tinha ninguém, então, foram até um restaurante e encontraram o casal. O pai apenas entregou a chave da casa e mandou que voltasse. Era assim. Ele se inscreveu sozinho para fazer a primeira eucaristia. No dia da missa de encerramento, o pai e a madrasta viajaram e deixaram o menino sozinho. Ele procurava passar a maior parte do tempo na escola, era o porto seguro dele. Era uma criança excelente, mas não tinha ajuda nem para fazer um tema de casa. Desde o início sabíamos que ele não fugiria por conta própria” revela a professora.

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