A estudante agredida pelo colega Fabiano Cardozo Machado, 24 anos, prestou depoimento aos agentes da Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos (DEHD) e, como já havia dito no registro da ocorrência, que a agressão teria sido levada adiante por motivos passionais envolvendo o acusado e uma pessoa com um relacionamento próximo com a estudante, que na noite do episódio prestou depoimento na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. A briga ocorrida na segunda-feira à noite em frente ao prédio do IFCH, da UPF, resultou na morte de Claudecir Altair Lenz, 44 anos, que nada tinha a ver com o caso. Claudecir tentou socorrer a estudante agredida e levou uma facada. Foi internado no hospital e faleceu na tarde de quinta-feira.
Segundo o inspetor Volmar Menegon, chefe de investigações da DEHD, a Polícia Civil tem até o próximo dia 10 para a conclusão do inquérito policial. /um advogado de Frederico Westphalen entrou com um pedido de relaxamento da prisão do acusado, que ainda não foi avaliado pelo Judiciário. O advogado também informou que não deverá mais atuar na defesa do estudante e que um novo profissional deverá ser contratado pela família do jovem. Ele permanece recolhido ao Presídio Regional de Passo Fundo.
Segurança do campus
De acordo com Paulo Nobre, encarregado de segurança da Universidade de Passo Fundo, o procedimento adotado pelos vigilantes que contiveram o aluno foi considerado correto, de forma a não expor as pessoas ao redor a perigos maiores. “Inicialmente, os vigilantes tentaram negociar com ele, que tentava entrar no prédio de qualquer maneira. Nós continuamos fazendo o acompanhamento e em nenhum momento ele ofereceu rendição. Quando ele chegou à porta dos fundos do IFCH ele tentou quebrar a porta atirando um vaso contra a porta de vidro. Neste momento ele já estava cercado pelos vigilantes, que conseguiram dominá-lo em um momento de distração. Nossa principal preocupação era garantir a segurança de todos, dos alunos, dos próprios vigilantes e também do agressor”, explicou.
Também conforme Nobre, o uso da força foi o recurso utilizado pelos vigilantes em função da situação. “Foi muito difícil contê-lo, não sabemos o motivo. A intenção dele era entrar no prédio. Nós estávamos preparados para o caso de ele conseguir entrar no prédio. Caso ele conseguisse entrar no prédio teríamos de mudar a forma de agir, até mesmo para evitar uma tragédia maior”, disse.
Estudante era acompanhado pela Universidade
Segundo a professora Patrícia Valério, coordenadora do Curso de Letras, o autor do crime era bastante participativo nas atividades oferecidas pelo curso. “Ele foi encaminhado ao Serviço de Atendimento ao Educando, e era acompanhado sistematicamente. Eu conversava com ele semanalmente e nunca havia visto nenhum episódio de violência dele. A gente fica triste, de acordo com o que ele nos relatou ele teve uma vida difícil até aqui e em função disso ele foi encaminhado para o atendimento”, disse.
Funcionários e estudantes recebem apoio da Universidade
Tentando retomar normalmente as atividades após o episódio, a direção do IFCH realizou intervenções junto aos funcionários e estudantes da unidade na tentativa de minimizar os danos causados pela agressão. Segundo a diretora do IFCH, Rosani Sgari, os alunos do curso de Letras receberam atenção especial após o fato envolvendo os dois colegas. “Imaginem o que vivenciaram estes alunos, que eram colegas deles. Os alunos disseram que ele era um bom colega, que era dedicado. Muitos ainda estavam incrédulos. Este fato é um recorte da nossa sociedade, mas não temos como prever situações desta natureza, que são trágicas. Também lamentamos a série de informações erradas, distorcidas e desrespeitosas que foram divulgadas. Lamentamos ter de despender energia para esclarecer situações que foram divulgadas erroneamente”, afirmou.