O assassinato que ocorreu há exatamente uma semana, na Rua A, quadra B, do bairro Núcleo dos Ferroviários, chocou todos os que conheciam dona Nelci Nascimento, 54 anos, considerada um exemplo para a comunidade. A mulher foi morta, cruelmente, na quinta-feira da semana passada, com cinco tiros na cabeça e ombro. Dona Nelci, segundo o filho, Ricardo Silveira Sachetti, de 30 anos, vivia de forma tranquila, mas sempre tinha atividades para realizar junto com a comunidade. “Ela saia de casa e ia para o trabalho. Do trabalho para a igreja. Da igreja para casa. Sempre assim”, relata.
Um dia antes do assassinato, Nelci saiu do trabalho e foi até o bairro Parque Farroupilha, onde viveu cerca de 25 anos, para auxiliar na preparação das atividades da igreja. Quando tudo já havia sido organizado, foi visitar o filho e a família dele. “Ela esteve aqui durante a noite de quarta-feira e brincou bastante com o nenê, o Pedro. Estava muito feliz por ter conseguido construir a casa dela. Feliz mesmo”, enfatiza.
Com lágrimas nos olhos, Sachetti conta, então, sobre a última conquista da mãe: a construção da moradia própria. “O esposo dela é pedreiro e os dois construíram juntos a casa. Eles se mudaram para lá há dois meses. Ela pintou as paredes, arrumou os móveis, fez tudo direitinho. Ela estava muito contente”, diz.
O filho, que menciona ainda não acreditar no ocorrido, espera que o autor do homicídio seja encontrado e condenado pelo crime. “Eu não consigo aceitar a forma como ela morreu. Se fosse uma doença ou um acidente, talvez fosse mais fácil, mas assim, não é. Quero justiça. Sei que isso não vai trazer ela de volta, mas ao menos conforta”, conclui emocionado.
“Perdi uma irmã”
Amiga de Nelci há quase 20 anos, dona Gecy Andrade, de 64 anos, se emociona ao falar sobre a perda. “Eu conheci ela logo que vim morar aqui no bairro, em 1996. Na época ela já era envolvida com a igreja e acabamos nos tornando muito próximas quando comecei a frequentar as missas. Eu perdi uma irmã”, comenta. Dona Gecy menciona que a amiga era uma líder, quem organizava os eventos e missas e quem coordenava o grupo. “Nós criamos um grupo de canto. Ela não participava, mas sempre tivemos o apoio e, principalmente o incentivo dela”, diz.