Treze anos após a chacina que resultou na morte de seis pessoas, no interior de Soledade, o homem acusado de ser o mandante do crime estará no banco dos réus. O pecuarista Mairol Batista da Silva, 41 anos, vai responder por seis homicídios qualificados e uma tentativa de homicídio. O júri acontece no próximo dia 25, em Soledade. O crime que chocou o Estado aconteceu em 7 de julho de 2001, na fazenda Santo Augusto, interior do município. Entre as vítimas estavam o comerciante Augusto Ricardo Ghion, 48, (o Marau), a esposa dele, Liamara Ghion, 48, a sobrinha deles, Ana Marina Cavalli, 15, além do casal Olmiro Adelar Graeff, 53, Nice Graeff, 45, e o filho, Alexandre Graeff, 16. Os três trabalhavam na fazenda. A filha do comerciante, que à época tinha 13 anos, foi atingida por dois disparos, mas conseguiu sobreviver.
O peão Márcio Camargo, 21 anos, funcionário de Ghion, assumiu a autoria das seis mortes e apontou Silva como mandante. Na conclusão do inquérito, encaminhado à Justiça 10 dias após o fato, o delegado Edson Tadeu Cezimbra, responsável pelas investigações, indiciou os dois pelas mortes. Silva chegou ser preso preventivamente, mas aguarda julgamento em liberdade. O crime teria sido motivado porque o pecuarista não concordava com a venda de terras feita pelo pai dele ao comerciante Ghion.
Durante o andamento do inquérito, o peão Márcio Camargo apresentou diferentes versões dos fatos. Em uma delas, apontou o nome de outras duas pessoas as quais teriam participado diretamente com ele na chacina. A dupla chegou a ser presa. Mais tarde, o peão confessou ter agido sozinho. No entanto, Camargo sempre sustentou a versão de que Silva seria o mandante.
Na reconstituição, realizada um mês após a chacina, Marcio revelou ter matado Liamara, Nice e o jovem Alexandre na sede da fazenda. Na sequencia, se escondeu na entrada da propriedade e ficou aguardando a chegada das outras vítimas. O capataz acabou surpreendido quando abria a porteira. Ghion e a sobrinha foram mortos dentro da caminhonete do comerciante. A filha dele, que estava no banco traseiro, recebeu dois disparos, mas conseguiu resistir. Dias depois, ela prestou depoimento, ainda internada no Hospital São Vicente de Paulo, e reconheceu o peão como autor dos tiros.
Com a prisão preventiva decretada, Camargo foi transferido para a Penitenciária Modulada de ijuí, de onde conseguiu escapar. Em agostou de 2003, acabou sendo morto após uma suposta tentativa de assalto a um bar, em Soledade. O comerciante Eronide da Silva Oliveira, o Grilo, morreu na troca de tiros.
A sessão do júri marcada para às 9h da próxima terça-feira, no fórum de Soledade, será presidida pela juíza da Vara Criminal Karen Luise de Souza Pinheiro. O Ministério Público estará representado pelos promotores Fabiano Dalazen e Tânia Maria Bitencourt. Na acusação atuará o advogado Nereu Lima, e na defesa, o advogado Osmar Teixeira.
Chacina de Soledade: Julgamento será realizado 13 anos depois
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