Com voz trêmula, uma vítima de violência doméstica conta sobre o dia em que sofreu agressões do antigo companheiro. A mulher, de 35 anos, que não será identificada, foi agredida dentro de casa, no dia 11 de fevereiro deste ano e encaminhada ao hospital, com ferimentos que deixaram marcas no braço e no rosto. Decidida, registrou a ocorrência, solicitou medidas protetivas e seguiu a diante. Mesmo com todo o aparato que a Lei Maria da Penha oferece – inclusive o último a ser instalado por aqui, a Patrulha Maria da Penha –, ainda sofre com medo de um retorno do agressor.
Na última semana, ela trabalhava no momento em que os policiais da Patrulha chegaram na residência com o endereço cadastrado, para realizar a visita. Os familiares, ao verem os policiais, questionaram se eram “da Maria da Penha”. Com a afirmação, ligaram prontamente para a vítima, que informou já estar chegando em casa.
Ela já havia sido procurada pela Patrulha outras vezes, depois que ocorreu o fato, mas nunca foi encontrada. Satisfeita por vê-los, relatou sobre o medo que ainda a acompanha. “Eu não tive mais notícias dele, mas o conheço. Ele é imprevisível e muito metido, não se intimida por nada. Acredita que pode usar da influência de amigos, para se livrar”, desabafa.
Os policiais, que já haviam orientado sobre os procedimentos que ainda devem seguir, ouviram o relato e lhe acalmaram: “Independente de quem for amigo dele, ninguém pode interferir no aspecto criminal. Ele tem que cumprir com as determinações, ao mesmo tempo que você tem o amparo do Estado”, esclarece. Contente com o que ouviu, disse que gostaria de continuar recebendo a visita dos policiais, que transferem uma sensação de segurança, embora o temor ainda exista.
Um ano de patrulha
As visitas são o trabalho primordial da Patrulha, que foi instalada, em Passo Fundo, no dia 7 de novembro de 2013. No município, elas foram traçadas em um cronograma diário, sem horário estipulado. Conforme o comandante da Patrulha Maria da Penha, Tenente Daisson de Andrade, os policiais trabalham com metas e, para este ano, a meta já foi superada. “Nós planejamos realizar mil visitas durante todo o ano. Em novembro, já havíamos realizado 1.038”, conta.
Estratégia diferenciada
Há pouco mais de um ano, desde que a Patrulha Maria da Penha foi instalada no município, a comunidade conta com um policiamento diferenciado. Os policiais militares, devidamente capacitados, realizam acompanhamento e orientam as vítimas que solicitam medidas protetivas.
De acordo com Tenente Daisson, os policiais da Patrulha não trabalham exclusivamente com este atendimento. “Devido as condições, precisei estipular uma nova estratégia. Aqui não temos uma única guarnição para realizar as visitas, temos as guarnições dos núcleos”, expõe. Segundo o comandante, todos os núcleos de policiamento comunitário e territórios da paz, têm na rotina de policiamento, cinco a dez visitas diárias para realizar.