Eles estão livres porque não oferecem riscos

Conversas telefônicas, flagrantes com drogas e investigações longas que exigem aparato reforçado não foram suficientes para manter na prisão quem vende drogas sintéticas

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· 2 min de leitura
As drogas apreendidas durante a operação não fizeram diferença na decisão de libertar o acusadoAs drogas apreendidas durante a operação não fizeram diferença na decisão de libertar o acusado
As drogas apreendidas durante a operação não fizeram diferença na decisão de libertar o acusado
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Oito meses de investigação e mais de 20 interceptações telefônicas. Três flagrantes com apreensão de drogas e prisões. Quatro policiais civis dedicados a um único foco: o tráfico de drogas sintéticas. Negociações gravadas em imagens, investigadores infiltrados em casas noturnas e, como se não bastasse, a comercialização de ecstasy efetivada para um policial à paisana. Foram 27 prisões preventivas cumpridas durante duas grandes operações, que contaram com o apoio de mais de 100 policiais.

Em menos de 15 dias posterior às operações “Fim de Festa”e “Rede Social”, respectivamente, todos os acusados obtiveram habeas corpus e voltaram às ruas. A decisão em 1a instância foi reformulada pela 3a Câmara do Tribunal de Justiça, aceitando um dos argumentos comuns das respectivas defesas, de que os acusados não colocam em risco a ordem pública. “Em algumas das fundamentações alegadas nos pedidos de revisão das prisões constam que não houve investigação. No entanto, nós trabalhamos vários meses em cima disso. Realizamos diversas interceptações telefônicas e demais diligências e, ainda, juntamos não duas, nem cinco, mas 20, 50, 100 conversas dos investigados negociando a droga no WhatsApp. Se isso não é investigação, então não sei dizer o que é investigar”, afirma o titular da 1a Delegacia de Policia, Diogo Ferreira.

 

O Nacional teve acesso a trechos de algumas destas conversas e reproduz preservando a identidade dos acusados:

Investigado 1, 23 anos, preso preventivamente no dia 30 de maio, durante a operação Fim de Festa.

21 de Mar – investigado 1: Eae
21 de Mar – usuário: Qual vc ten q qto?
21 de Mar – investigado1: Love rosa 40
21 de Mar - usuário: N ten outra
21 de Mar - usuário: ?
21 de Mar – investigado1: N
21 de Mar - usuário: Vix
21 de Mar - usuário: E se eu pegar mais tem dscnto
21 de Mar – investigado1: 10 por 370
21 de Mar - usuário: E se for 12 ?
21 de Mar – investigado1: 440 da pra faze
21 de Mar - usuário: Ok vo falar c meu amg e ja te aviso

17 de Abr – usuário: Sim qual redonda vc ten?
17 de Abr – investigado 1: Superman verde
17 de Abr - usuário: Nunk usei e mais forte q love?
17 de Abr – investigado 1: Cara eu achei
17 de Abr –usuário: OK qnto se eu pegar umas 7
17 de Abr – investigado 1: 10 sai 350
17 de Abr - usuário: Ok vo ver e te aviso

3 de Abr - Usuária: Preciso d sete "@@@
3 de Abr - Usuária: Pra amanha consegue ?
3 de Abr - Investigado 1: Sim ja ta na mao
3 de Abr - Usuária: Quanto??
3 de Abr - Investigado 1: Depende quantas
3 de Abr - Usuária: Depende ?
3 de Abr - Usuária: 6
3 de Abr - Investigado 01: R$ 200
3 de Abr - Usuária: Bele


A 3ª Câmara do Tribunal de Justiça concedeu a liberdade ao investigado 1, porque é réu primário. O julgador acrescentou em sua decisão, inclusive, que faltou fundamentação para mantê-lo preso. Em destaque na decisão, consta, ainda, que envolvido foi denunciado somente por associação para o tráfico de drogas, o que não seria suficiente para deixá-lo detido.

 

“O Tribunal, com uma rapidez nunca vista antes, julgou esses habeas corpus, que em regra demoram no mínimo 20 a 30 dias, de imediato. Acho que quem concedeu as liberdades, fez sem ter lido as informações enviadas ou não se ateve a esses pequenos detalhes da investigação”, diz o delegado que coordenou as investigações.


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