Ao longo dos anos as mulheres foram conquistando seus direitos e o espaço na sociedade. Porém, mesmo com muitas batalhas vencidas, há uma que atinge grande parte da população feminina: a violência doméstica. O Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH) do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo, que notifica os casos suspeitos ou confirmados de violência doméstica, através da Portaria Nº 104, de 25 de janeiro de 2011, atendeu em 2014, 316 mulheres vítimas de violência doméstica, sendo que até 15 de fevereiro de 2015, 37 casos já foram notificados.
Preocupado com estes dados e com o objetivo de qualificar os profissionais que atendem essas mulheres, o HSVP realizou na última terça-feira (03), uma palestra para os funcionários da instituição, com a delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher, Claudia Crussius, que há mais de 30 anos trabalha com violência doméstica. Na mesma data, o hospital também celebrou o Dia Internacional da Mulher, lembrado no dia 08 março.
No evento, Claudia salientou que mesmo com bastante informação sobre os direitos das mulheres ainda tem-se um grande número que sofre com a violência doméstica. Em Passo Fundo a delegada relatou que foram atendidos em 2014, 3.500 casos, sendo que a delegacia atende também os municípios de Pontão, Mato Castelhano e Coxilha, mas que, o número é ainda maior visto que muitas mulheres não denunciam as agressões. “ Mesmo o número sendo alto, eu vejo ele de uma forma positiva, já que muitas mulheres estão denunciando a violência, isso é importante. Sabemos que em muitas casos as mulheres têm medo, ou dependem do marido financeiramente, ou não tem onde morar e acabam não denunciando”, aponta a especialista.
Claudia enfatiza, ainda, que muitas vezes as mulheres que vão até o hospital, não denunciam o acontecido, e que é importante a sensibilidade dos profissionais para auxiliar e orientar essa mulher. “Acho extremamente importante essa iniciativa do HSVP nos trazer aqui, pois a saúde é uma das portas de entrada da informação sobre a violência e o profissional estando preparado para atender o caso, podem dar suporte a esse mulher e também em casos em que a violência não está explicita, orientá-la e ampará-la da melhor forma.”
A delegada salienta, também, que as mulheres devem olhar para si mesma, procurar os seus direitos e também repensar a maneira de criação dos filhos, já que, segundo ela, os hábitos e atitudes instaurados na infância, também influenciam no futuro. “Eu costumo dizer que ninguém veio ao mundo para sofrer, então as mulheres devem brigar por seus direitos. A Delegacia funciona diariamente e podemos ajudá-las”, comenta a Delgada, que também informou que o telefone para contato com a Delegacia é o (54) 33271523.
