Comunidade lamenta perda de vizinha

Depois de sofrer ferimentos devido ao fogo lançado por uma usuária de entorpecentes, contra o seu corpo, dona Maria da Silva morre no hospital

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Material que dona Maria catou na rua para venda, ficaram no pátio de casa, onde ela deixouMaterial que dona Maria catou na rua para venda, ficaram no pátio de casa, onde ela deixou
Material que dona Maria catou na rua para venda, ficaram no pátio de casa, onde ela deixou
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Uma ação cruel, motivada pelo consumo de drogas, tirou a vida de uma senhora e revoltou a comunidade onde ela morava. Dona Maria da Silva, de 53 anos, morreu na manhã desta terça-feira (22), no Hospital da Cidade, onde estava internada em estado de saúde grave, devido as fortes queimaduras que atingiram seu corpo.

A mulher, que morava sozinha, foi queimada, depois que uma usuária de drogas jogou gasolina contra o corpo da vítima e ateou fogo, por vingança. A suposta autora do crime, havia furtado objetos da residência de dona Maria e sofreu represálias por parte da comunidade. Como desafronta, retornou a casa da vítima e agiu sem receios.

“A Maria saiu da casa da minha tia – há poucos metros de onde more –  era umas 8h e disse que ia tomar café. Chegou em casa, preparou a xícara e o pão no pratinho. Quando sentou, foi atacada pela usuária”, conta Liamar Venegas, também de 53 anos e amiga de dona Maria. O café da manhã ficou no mesmo lugar e permanecia ainda ontem, sobre a mesa, sem ninguém mexer.

“Ela gritou por socorro e o vizinho saiu ver o que estava acontecendo. Ela tinha apagado o fogo do corpo, com um balde de água, porque disse que já não aguentava mais de tanta dor”, completa. Sem um veículo para auxiliar no socorro, nem sequer um telefone disponível para acionar ajuda, dois conhecidos abraçaram a senhora, que já havia perdido boa parte da visão e saíram caminhando até o Hospital Municipal, o mais próximo de onde morava.

Quase em frente ao hospital, o casal que ajudou dona Maria, atacou um veículo que passava e pediu carona. Ela foi, então, encaminhada ao Hospital da Cidade, onde ficou internada por três dias, até morrer. A usuária, que morava nos escombros em frente da casa da vítima, vai ser indiciada por homicídio.

Querida pela comunidade

Humilde, dona Maria trabalhava como recicladora de materiais. “Ela juntava latinhas e garrafas de plástico pra se manter. Quando chovia e ela não podia sair, passava suas dificuldades, mas nem por isso deixava de sorrir e tratar a gente bem”, relata uma vizinha. 

Foi a comunidade, que tanto sofre a perda de Maria, quem construiu a pequena casa, onde residia. “Foi feita uma campanha, onde juntamos madeira. Faz uns seis meses que a comunidade construiu a casinha que ela morava, porque a outra estava desabando”, relata outra conhecida.

Essa mesma comunidade, inclusive, já planejava outra campanha para quando a mulher retornasse do hospital. “Como ela ia ter que usar fraldas, nós já íamos começar arrecadar, porque ela não tinha família, só tinha nós”, lamenta Liamar.

Pretinha e Amarelinho, os dois cachorros de dona Maria, agora são os únicos moradores da casa que Maria deixou. Embora os vizinhos alimentem os animais, eles não comem há dias, aguardando o retorno da dona.

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