Como referência para a comunidade, a Brigada Militar é, na maioria dos casos, a primeira instituição acionada para atender as demandas da população. São roubos e furtos, denúncias de tráfico de drogas, homicídios, violências domésticas, disparos de arma de fogo, busca por foragidos, arremessos ao presídio, acidentes de trânsito, perturbação de sossego, entre tantos outros chamados diários que chegam até a Brigada Militar.
Para despachar todas as ocorrências, o Regimento dispõe de um reduzido número de policiais, que trabalham sob a pressão da grande e delicada demanda diária. É um total de 120 servidores, contando com os oficiais e todo o setor administrativo, para resguardar os quase 200 mil habitantes do município, sem citar as licenças, férias e folgas. De acordo com o comandante do 3° RPMon, André Idalmir Savian Juliani, 356 policiais militares seriam ideais, segundo um estudo realizado no próprio Regimento. “Não posso chorar porque estou com pouca gente, eu preciso fazer com que os policiais que têm, deem conta do recado, porém, consciente de que algumas vezes não temos como correr”, conforma-se.
Já a partir de dados da ONU, que considera como ideal um policial para cada 250 habitantes, a carência de efetivo em Passo Fundo é ainda maior: seriam necessários 800 policiais militares. Esse déficit faz com que o comando adote a priorização como estratégia. “A nossa prioridade é a vida. Ou seja, ocorreu um homicídio e temos outros atendimentos em que as vítimas estão em risco, o homicídio aguarda”, exemplifica.
Da mesma forma, quando existem ocorrências de perturbação de sossego ou de furtos em que os suspeitos não estão mais no local, nem se quer foram vistos ou identificados, as vítimas terão que aguardar. “Assim que tivermos uma viatura para atender o fato, que é de menor gravidade do que os demais, vamos nos dirigir até o local chamado”, diz.
Remanejo
Essa baixa no efetivo ocorreu, principalmente, porque grande parte dos servidores se aposentou e não houve reposição. O que ocorreu, por aqui, foi um remanejo entre os esquadrões e pelotões, para que, ao menos, fechassem as escalas de serviço. Conforme informações extraoficiais, um setor, que há um ano tinha até 30 policiais, hoje conta com 16. Se esse mesmo setor trabalhar com quatro policiais em escalas de seis horas, os servidores não tiram folga um único dia por semana.
O comandante explica que, muitas vezes, policiais de determinado setor são redistribuídos temporariamente para suprir a falta em outro. A Patrulha Rural, por exemplo, não trabalha mais especialmente para o interior, pois não há efetivo suficiente. “Os policiais saem daqui uma vez ou duas por semana e vão para a localidade planejada. Depois seguem para outra e, se precisar, retornam para a anterior, mas não deixamos os moradores de lá desguarnecidos”, esclarece.
Da mesma forma, ocorre com os Núcleos de Policiamento Comunitário. Os 24 policiais que fazem parte deste esquadrão e trabalham com um total de seis viaturas, atendem ocorrências nos bairros em que foram locados, com exclusividade, mas não deixam de patrulhar o centro e outras regiões. “Nesta época de final de ano, quando lançamos a Operação Papai Noel , é natural intensificar o policiamento no centro da cidade. Então, aquela viatura que está no bairro, vai atender dentro das seis horas de serviço, pelo menos duas no centro. É o jogo que preciso fazer”, diz.
Hoje o regimento, de acordo com o comandante, consegue colocar em média cerca de 10 viaturas por turno no município. “É duas viaturas dos Núcleos, três motos, uma do POE e assim por diante. Claro, tudo tabulado conforme estudos que realizamos sobre os horários de maior incidência. É toda uma engenharia que temos que fazer”, completa.
Concurso
Aproximadamente dois mil candidatos foram aprovados no último concurso realizado pelo Governo, para fazer parte da corporação. Os aprovados ainda não foram chamados e correm o risco de não ser, já que a data de prescrição deve encerrar no próximo ano. Ainda que sejam chamados e que todos se formem, continuam em menor número do que os policiais que se aposentam.
“O último curso formou 60 policiais pelo 3°RPMon. Desses, uma média de cinco ficaram aqui no município”, salienta. Os demais, segundo Juliani, seguiram para os outros 22 municípios que também são de responsabilidade do Regimento. “As cidades do interior estavam e ainda estão com efetivo muito menor que aqui. Tem município que eu comando, com um único policial. E, justamente por esse motivo, que existe tanto índice de arrombamento a banco em cidade de interior”, menciona.