Domingo, 31 de janeiro de 2016. Por volta das 4h30, um homem entra na lancheria da Rodoviária de Passo Fundo e pede um cigarro e um isqueiro. A funcionária do caixa atende ao pedido. O indivíduo, ao invés de pagar a quantia pelas mercadorias, saca um revólver e anuncia o assalto. Com a arma apontada para si, a mulher que trabalha há pelo menos 30 anos no local entrega ao sujeito o dinheiro do caixa e cigarros. Ele sai tranquilamente do estabelecimento. A empresa de segurança que presta serviços à rodoviária chega minutos depois. A polícia é acionada e comparece ao estabelecimento, mas o assaltante não é localizado.
Após o assalto, durante a mesma semana, um carro de uma funcionária da lancheria foi arrombado no estacionamento da rodoviária, nas proximidades de uma farmácia. No outro dia, a mala de um passageiro foi roubada. Esses dois casos, somados ao assalto à mão armada, alertaram a administração do local. “Tivemos que fazer alguma coisa. Nunca vi algo tão sério”, disse uma das responsáveis pela rodoviária. A decisão foi restringir o atendimento ao público por medida de segurança. O estabelecimento que fica aberto 24 horas por dia, agora, a partir da meia-noite até às 6h, fecha a cortina de ferro e atende aos pedidos por uma janela lateral. Isso nunca havia ocorrido nas quatro décadas de funcionamento. “Não é a primeira vez que acontece [um assalto]”, relata a responsável. De acordo com ela, há quatro meses outro assalto semelhante havia ocorrido. A nova forma de atendimento que já ocorre há alguns dias não tem previsão para ser alterada. A princípio, não existe a ideia de deixar de prestar atendimento, segundo administração. Antes, os clientes podiam consumir e permanecer no local, onde há mesas e cadeiras, ar-condicionado e televisão. Agora, o espaço fica fechado até o começo da manhã. Isso, inclusive, prejudica financeiramente o estabelecimento, mas a direção da rodoviária diz não ter outra saída para a situação. “Vamos diminuir as vendas, mas precisamos fazer alguma coisa, até pela segurança de nossas funcionárias”, afirma.
Policiamento
A falta de policiamento é a principal queixa. Segundo o responsável pela rodoviária, Jabs Paim Bandeira, o homem que realizou o assalto à mão armada circulava pelo local normalmente no dia seguinte ao roubo. Nesse dia, a polícia chegou a ser chamada, mas os policiais não “puderam comparecer” porque “não tinha pessoal”, afirmou Jabs. De acordo com administração, mesmo com uma sala própria, “é muito difícil ter alguém” da Brigada Militar na rodoviária, que alega falta de efetivo à administração do local. Assim, a única segurança é a de uma empresa particular, que é acionada apenas quando há alguma ocorrência. Os seguranças da empresa, no entanto, não permanecem no local. O homem que havia arrombado o carro da funcionária acabou preso. As imagens dos outros assaltos foram repassadas à Polícia Civil, que investiga os casos.