"Só quem conviveu com ele pra saber como ele era"

Corpo de bombeiro foi encontrado na manhã desta sexta-feira, sob a ponte do Rio Passo Fundo, próximo ao CTG Lalau Miranda

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Biso trabalhou durante 18 anos como bombeiro, salvando vidasBiso trabalhou durante 18 anos como bombeiro, salvando vidas
Biso trabalhou durante 18 anos como bombeiro, salvando vidas
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Uma vida dedica a salvar vidas. É assim que os amigos e colegas de profissão definem Marcelo Loro Bisognin, de 42 anos, quando se lembram do profissional capacitado e comprometido que era. Conhecido como “Biso”, o bombeiro foi encontrado morto na manhã dessa sexta-feira (28), na ponte do Rio Passo Fundo, próximo ao CTG Lalau Miranda.
“Na semana passada, quando deu aquele temporal aqui no município e região, ele se dedicou a atender o público. Cortava lonas e as distribuía. Do quartel –onde cumpria seu expediente nos últimos meses –, passava informações via rádio para a equipe que estava na rua”, lembra o colega de farda, sargento Marcio Maggioni.
Em 18 anos de atuação no Corpo de Bombeiros, Bisognin trabalhava com atendimento pré-hospitalar (APH). Ou seja, ele era responsável pelos primeiros socorros às vítimas que precisavam de resgate. “Biso tinha espírito voluntário. Era um profissional nota 10, muito empenhado. Salvou muitas pessoas e muitas crianças. Brilhava o olho dele quando estava trabalhando”, relata.
Tanto gostava do que fazia que foi o primeiro e, até agora, o único bombeiro a integrar o Samu, no município. “Ele amava o que fazia, respirava atendimento pré-hospitalar", comenta a socorrista Crisiane Oliveira, que trabalhou ao lado de Biso no período em que ele integrou a equipe do Samu. “Só quem conviveu com ele pra saber como ele era”, lamenta.
Bisognin foi pioneiro no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e correu atrás do orçamento para obter a estrutura, quando o município passou a contar com a primeira turma, em 2010. “Nas folgas dele, aparecia aqui pra levar a ambulância pra manutenção se precisasse. Era uma pessoa que não faria mal pra ninguém, ao contrário, tirava dele para dar pros outros”, diz, Adriana Lourenga, também socorrista do Samu.
Quando deixou de integrar a equipe de socorro do município, continuou com as visitas à base. “Uma hora trazia um macacão do uniforme, outra hora uma jaqueta. Sempre tinha algo pra devolver e um motivo pra voltar aqui e dizer que retornaria”, relembram as enfermeiras.
Biso ainda ministrava palestras de Atendimento Pré-Hospitalar para outros socorristas e empresas particulares. Era da personalidade dele estar sempre envolvido com o serviço. “Não é porque morreu que se tornou uma pessoa boa. Ele realmente era uma pessoa boa”, completa Maggioni.
Ele atuou como socorrista, nos Bombeiros, no antigo Samur – empresa particular – e no Samu e vai ser enterrado com uma farda azul, do Corpo do Bombeiros. Aos amigos e colegas ficam as lembranças do conhecimento que ele tinha, do carinho que tratava a todos e do costumeiro sorriso que estampava no rosto. “Não tinha hora para sorrir e para fazer os outros rirem”, conclui Crisiane.


O caso
O corpo Bisognin foi encontrado por populares na manhã de sexta-feira, na beira do rio Passo Fundo, sob a ponte. Estava próximo das pedras, com um corte na cabeça e escoriações no ombro, possivelmente causados pela queda. Ele saiu de casa durante a noite dessa quinta-feira e acredita-se que o fato ocorreu durante a madrugada.
Os motivos da morte são investigados pela equipe da Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos (DEHD). De acordo com o chefe de investigações, Volmar Menegon, a vítima era usuária de drogas e já havia sido vítima de tentativa de homicídio um tempo atrás, quando foi atingido por um golpe de faca, desferido por outro usuário que queria seu dinheiro.
A equipe do IGP esteve no local e realizou os levantamentos, descartando hipótese de agressão ou ferimento com armas. A polícia aguarda o laudo pericial para descobrir a causa da morte, mas não descarta qualquer hipótese, desde suicídio, acidente ou homicídio.

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