Uma hora. Foi o tempo que o condutor de uma motocicleta precisou aguardar pelo resgate, após sofrer um acidente de trânsito no início da tarde dessa quarta-feira (30), no município. O fato ocorreu por volta das 13h, na Avenida Sete de Setembro, Centro. Populares fizeram contato com Samu e Corpo de Bombeiros, mas ambas as ambulâncias estavam em ocorrência: a primeira atendia a queda de uma idosa, com traumatismo craniano. A segunda, um acidente. Nesse tempo, um novo chamado na Vila Ipiranga entrou e também ficou em espera. Já eram dois chamados pendentes, aguardando resgate.
“Essa é a cidade de Passo Fundo. Não tem ambulância, uma vergonha”, diz um popular que aguardava a chegada do socorro, junto à vítima, no vídeo que gravou no local do fato e que publicou mais tarde, na página de sua rede social. Ele ainda questiona no mesmo vídeo o que está acontecendo no município e o que será feito pelo prefeito. “O rapaz tá gritando de dor. É lamentável uma situação desse tipo”, continua.
Com base na Portaria 2048/02 do Ministério da Saúde, é recomendável uma ambulância a cada 50 mil habitantes. Compreende-se pelo descrito, que Passo Fundo deveria contar com quatro ambulâncias para atender os quase 200 mil habitantes. Já de acordo com artigo 3°, § 3° da Portaria 1.828/04, que trata sobre a política nacional de atenção às urgências, para cada grupo de 100 a 150 mil habitantes é necessário um veículo de suporte básico à vida (Samu).
Questionado sobre o ocorrido, o Secretário de Saúde Municipal, Luiz Arthur Rosa Filho, informou que em 2013 foi realizado um estudo, que apurou o número de atendimentos diários realizados pelo Samu. “Em 24h eram uma média de oito a 10 atendimentos. Se tivéssemos duas ambulâncias, cada uma atenderia apenas cinco por dia”, diz.
Três anos depois, a média é maior, mas, conforme o secretário, não passa de 11 atendimentos diários. “É um total de 300 por mês somente do Samu, mas contamos sempre com apoio dos Bombeiros, que inclusive temos uma parceria e que ajudamos com equipamento quando necessário”, esclarece. Luiz Arthur ainda faz menção a um acidente envolvendo ônibus de excursão ocorrido em 2013, na Perimetral Leste, com diversas vítimas. “Fizemos mais de uma viagem com as vítimas e nem por isso deixamos de atendê-las, ou deixamos falhas”, completa.
Na época, duas ambulâncias de Carazinho e uma de Marau, ambas do Samu, deram apoio na remoção das vítimas, sem contar com todo o aparato do Corpo de Bombeiros e demais ambulâncias de empresas privadas. Naquela ocasião, mais de 35 pessoas ficaram feridas e quatro morreram no local. Outras duas vítimas entraram em óbito dias depois.
Quadro de funcionários
Um condutor da equipe foi exonerado no último mês, mas continua prestando serviço até cumprir os 30 dias, conforme o secretário. Ainda, de acordo com Luiz Arthur, um novo funcionário deve ser chamado para suprir essa falta. Em agosto deste ano, a ambulância ficou parada durante 12 horas, nos dias ímpares do mês, justamente pela falta de um único motorista. O fato não deve se repetir, segundo informou a secretaria.
Atribuições
A equipe do Samu, com sua única ambulância disponível, é responsável por atendimentos clínicos, tais como: respiratórios, cardiovasculares, neurológicos, digestivos, obstétricos, psiquiátricos, metabólicos, intoxicações exógenas e infecciosos e, também, por atendimentos denominados traumáticos, como colisões de todos os tipos, atropelamentos, quedas de todos os tipos, agressões, ferimentos por armas brancas, ferimentos por arma de fogo, queimaduras, afogamentos, capotamentos e atropelamentos.