Crime contra cadeirante choca comunidade

Vítima de roubo com morte teve a casa invadida duas vezes em menos de um mês, provavelmente pelo mesmo grupo de criminosos

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A cadeira onde seu Sérgio tomava o chimarrão continua no mesmo lugar, mas quem a ocupa é Levino, enquanto recorda do amigoA cadeira onde seu Sérgio tomava o chimarrão continua no mesmo lugar, mas quem a ocupa é Levino, enquanto recorda do amigo
A cadeira onde seu Sérgio tomava o chimarrão continua no mesmo lugar, mas quem a ocupa é Levino, enquanto recorda do amigo
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Há 22 anos seu Sergio Augusto Vieira construiu uma casa no bairro Jerônimo Coelho, onde residiu até a madrugada do último domingo (15), quando foi morto, covardemente, a golpes de faca. Com 60 anos e dependente de uma cadeira de rodas, Vieira morava sozinho, mas contava com apoio de um vizinho, que o auxiliava com alguns afazeres, como a manutenção da casa.
Foi o vizinho e amigo, seu Levino Carvalho da Silva, de 67 anos, quem trocou a porta principal da residência, depois que um grupo de assaltantes invadiu o local e levou alguns objetos e dinheiro, no último mês de dezembro. Mal completou um mês para que o grupo retornasse. “Eles até tentaram abrir a porta da frente, de novo, mas como coloquei as grades não conseguiram. Então entraram pelos fundos”, conta.
O barulho feito pelos marginais e os gritos do idoso foram ouvidos por vizinhos mais próximos, que aguardaram a saída dos marginais para chamar socorro. “Era umas 02h30 da madrugada quando a vizinha me acordou. Eu vim aqui – na casa de Vieira – e encontrei ele caído do lado da cama, todo cortado e já morto.”, relata e completa: “A casa estava toda revirada, levaram botijão, TV, um par de sapatos que tinha comprado novo, roupas, lençóis e até as facas de cozinha”.
Para os demais moradores, não foi um assalto qualquer o que ocorreu naquela madrugada. “Acho que levaram as coisas como pretexto, porque queriam se vingar dele. Foi uma covardia”, comenta uma vizinha que preferiu não se identificar, ao lembrar que o cadeirante denunciou o crime sofrido anteriormente, para a polícia.

Rotina
Seu Sérgio tinha uma rotina tranquila. Todos os dias sentava em frente a casa, na cadeira posicionada sempre no mesmo lugar, onde tomava chimarrão. Às vezes sozinho, outras com seu Levino. “De vez em quando ele saía de ônibus. Depois voltava e ficava por casa, assistindo TV. Também ia à minha casa, às vezes, pra tomar chimarrão, pra jantar ou almoçar”, conta. No domingo ao meio-dia, seu Levino assaria uma carne para o almoço do amigo. O alimento ficou na geladeira, onde a vítima a havia guardado. “Podiam ter levado o que ele tinha, mas não precisavam machucar ele. É uma crueldade o que fizeram”, conclui.

Investigações

A equipe da Delegacia Especializada em Furtos Roubos Entorpecentes e Capturas (Defrec), passou o dia realizando diligências pelo bairro. Enquanto a redação do O Nacional estava na casa da vítima, os policiais chegaram. Era a terceira vez, no mesmo dia, que realizavam levantamentos no local.

Vizinhos foram ouvidos e buscas foram feitas. Além do adolescente apreendido na mesma madrugada, pela Brigada Miliar, outro homem já foi identificado. A polícia segue com as investigações para identificar o terceiro envolvido no fato. O menor apreendido é morador do bairro e reside a poucos metros da casa da vítima. Ele está internado no Centro de Atendimento Sócio-Educativo (Case).

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