'Algum lugar da minha vida' era com esta frase que o jovem Felipe Raiher da Silva, 27 anos, morto com dois tiros durante assalto, na quinta-feira à noite, costumava assinar as postagens de vídeos e fotos nas redes sociais. O corpo da vítima foi velado no Memorial Vera Cruz e sepultado no final da tarde de ontem, no cemitério dos Ribeiros. O latrocínio – roubo seguido de morte – está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia.
O crime aconteceu quando Felipe e o amigo, um jovem de 24 anos, que pediu para não ser identificado, retornavam a pé da academia para casa, por volta das 20h40. Moradores da vila Berthier, os dois se conheciam por mais de uma década e, há cerca de um ano, frequentavam diariamente a academia, na avenida Brasil. Uma caminhada de aproximadamente 20 minutos.
Os dois rapazes seguiam pela rua Miguel Vargas, quando nas proximidades da esquina com a Moron, ocupantes de um Gol, prata, rebaixado, passaram por eles. Logo em seguida, retornaram e estacionaram. Dois indivíduos, usando moletom com gola alta, boné e chinelos, se aproximaram mandando que entregassem os celulares. “Eu entreguei o meu, mas o Felipe disse que não tinha e tentou acertar um chute no cara. Então, o assaltante que pegou meu aparelho gritou para o outro, 'atira nele, atira nele'.
Felipe foi baleado na perna, mesmo assim, tentou correr atrás do do autor do disparo e acabou levando outro tiro no peito. Eu corri, pensando que iriam atirar em mim. Quando ouvi o barulho do carro fugindo, voltei até onde estava Felipe. Comecei a gritar por socorro. Ele tentou falar comigo, mas a voz não saiu” relatou o jovem.
Uma ambulância chegou rapidamente ao local, mas o rapaz já estava sem vida. A dupla fugiu levando apenas um celular.
Convivendo diariamente juntos, o amigo disse que Felipe era uma pessoa que gostava de esportes de aventura e de música, principalmente rock. Momentos antes do assalto, os dois conversavam sobre um jantar que pretendiam realizar com algumas amigas. “Era como um irmão mais velho. A gente se falava todo o dia. Trocávamos ideias. Vai ser difícil daqui para frente” lamentou.
Bastante emocionado, o colega de trabalho, Lucas Silveira, 23 anos, conta que também passava boa parte do dia ao lado de Felipe.
Os dois eram responsáveis pelo setor de almoxarifado da RGE. Sempre com o rádio ligado ouvindo as notícias, conta que o colega demonstrava muita indignação com as notícias policiais. “Ele sempre dizia que, se um dia acontecesse algo com ele, não se entregaria, reagiria. Costumava se colocar no lugar da vítima. Ajudava todo mundo. Gostava do serviço bem feito. Ele me ensinou muito, ainda tinha muito a aprender com ele. Antes de partir me enviou um vídeo tocando violão, interpretando uma música composta por ele mesmo. Adorava rock” revela.
Felipe era solteiro e residia com os pais. A polícia vai examinar imagens de câmeras de vídeos instaladas nas proximidades para tentar identificar os autores do crime.