A Polícia Civil investiga uma suspeita de omissão de socorro, ocorrida no dia 5 deste mês, no Hospital da Cidade, em Passo Fundo. De acordo com o boletim da ocorrência, Maria Fernanda dos Santos Ruas, de 1 ano e dois meses, morreu após esperar por atendimento médico no hospital.
O boletim foi registrado pelo pai da criança, Fernando Amarante Ruas, de 31 anos. Segundo ele, durante aquele dia, a filha vomitava após ingerir alimentos. Ela já tinha apresentado o mesmo problema no dia 22 de junho. Naquela época, a criança foi atendida no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e diagnosticada com uma bactéria intestinal, o que fazia com que ela vomitasse após se alimentar. Conforme Fernando, a filha foi medicada com soro e depois melhorou. Os pais fizeram também um tratamento antibiótico.
No entanto, no dia 5, Maria Fernanda voltou a apresentar o mesmo problema no começo do dia. Ela então foi levada para atendimento em uma clínica particular, onde foi medicada. Logo depois, a criança voltou a apresentar os mesmos sintomas.
Por isso, os pais levaram ela outra vez para a clínica particular, que a encaminhou, de ambulância, por se tratar de uma emergência, para o Hospital da Cidade, onde deu entrada às 20h50. No HC, Maria Fernanda foi levada para uma sala, onde ficou, segundo o pai, 1h30 esperando atendimento. "Eu percebi que minha filha passou a ter problema para respirar e começou a ficar com os lábios roxos", disse ele. "Parecia que ninguém podia fazer nada naquele momento. Tanto que pensei em pegar minha filha e sair correndo para outro hospital."
Depois, Maria Fernanda foi levada para a ala da pediatria onde foi atendida. Uma enfermeira tentou medicá-la por meio de uma veia, mas não conseguiu, segundo relatou o pai. "Minha filha precisava somente de soro. Ela era saudável. A única coisa que ela estava era desidratada", disse Fernando.
Por fim, a equipe do hospital não conseguiu salvá-la. "Minha filha morreu pelo descaso ", disse o pai. Maria Fernanda morreu às 23h45. A causa da morte registrada na certidão de óbito foi choque hipovolêmico (caracterizado pela falha do sistema circulatório em manter um volume adequado de sangue aos órgãos vitais), desidratação e gastroenterite aguda (infecção intestinal marcada por diarreia, cólicas, náuseas, vômitos e febre). O caso será investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos (DEHD) da Polícia Civil de Passo Fundo.
O que diz o hospital
A pedido da reportagem de ON, a direção do Hospital da Cidade emitiu uma nota sobre o caso.
1. Em todos os momentos, desde a sua entrada nas nossas unidades de assistência, a paciente teve acesso a todos os recursos disponíveis em nossa capacidade instalada.
2. O presente posicionamento institucional tem por base todos os documentos que compõe o prontuário médico-hospitalar da referida paciente.
3. A instituição reafirma a sua política de, sempre que necessário, colaborar com as informações necessárias para que os órgãos competentes desenvolvam seus trabalhos.
4. Por outro lado, afirmamos que é também de nosso pleno interesse que o caso desta paciente seja adequadamente esclarecido nos fóruns adequados.