A Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público Federal deflagram na segunda-feira (11) a Operação Conexão Venezuela, que visa apurar a prática dos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa com atuação no Rio Grande do Sul. Em Passo Fundo, quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em locais ligados a um empresário, que não teve a identidade revelada pela operação.
Além disso, outros mandados foram cumpridos em Porto Alegre, Canoas, Erechim, Americana (SP) e São Paulo (SP). No total, seis pessoas foram alvos de condução coercitiva. As investigações tiveram início com base em procedimento fiscal da Receita Federal que identificou pessoas jurídicas no RS e em SP realizando transações financeiras atípicas, supostamente no exercício de atividade de intermediação de exportação de máquinas e implementos agrícolas do Brasil para a Venezuela.
Como funcionava o esquema
As apurações tiveram início em informação fiscal apresentada pela Receita Federal. “É o resultado de um trabalho de três anos de análise de complexas transações financeiras utilizadas para lavar, no Brasil, dinheiro ilícito proveniente da Venezuela”, afirma o procurador da República Juliano Karam, que conduziu o caso no MPF.
Os investigadores identificaram que empresas sediadas na Venezuela – uma delas estatal – compraram máquinas e implementos agrícolas com valores muito acima do praticado no mercado. Parte considerável desse montante, porém, não foi destinada aos fabricantes e fornecedores, tendo circulado em contas bancárias diversas e, ao final, remetida ao exterior.
Algumas dessas transferências tiveram como beneficiárias pessoas jurídicas sediadas em paraísos fiscais. Parte dos recursos remetidos da estatal venezuelana para o Brasil seria fruto de crime. Apenas no período de 2010 a 2014, os valores movimentados pela organização teriam ultrapassado R$ 200 milhões. As investigações continuam.